ANÁLISE DO POEMA MAKÈSÚ

1- Esta análise será pautada no poema Makèsú :

O tema desenvolvido no referido poema é o conflito entre as raízes culturais e os novos hábitos adquiridos na cultura africana. Este conflito é exemplificado por meio de referências a mudanças econômicas sugeridas no texto, bem como culturais e sociais.

O poema é uma descrição de vários fatores culturais da África dentre eles destaca-se: a referência a flora pela comercialização do Makèsú, uma castanha própria da África, que permitia a avó Ximinha sua sobrevivência por meio da venda castanha.

O poema apresenta uma estrutura temática em prosa consequentemente possui aspectos narrativos os quais são: personagem, tempo, espaço e enredo. O conflito dentro do poema desenvolve-se à medida que o modo de vida cultivado por Ava Ximinha é ameaçado por novos valores na cultura africana.

Entre muitos aspectos apresentáveis na temática destaca-se o conflito entre a manutenção cultural na África, defesa dos hábitos aqui representado por um hábito alimentar, e a modernização das nações africanas, novos costumes assumidos a partir do contato com outras culturas, não africanas exemplificado pelo consumo de uma nova modalidade de alimentos os quais são café com pão.

2-Sobre o ponto de vista cultural apresenta-se uma lista de pequenos apontamentos de elementos contidos no poema:

“Avó Ximinha”: O nome e a posição social de matriarca é um indicativo do reforço cultural africano intensificado por meio da utilização do diminutivo que indica a proximidade social. Em culturas ocidentais ele a não seria avó, mas apenas uma pessoa de idade e tampouco seria acrescido o diminutivo.

“Fraco pregão”: além do aspecto humano do envelhecimento que o adjetivo deixa subentendido, o tipo de comércio a que se faz referência, o comércio informal a céu aberto, é um indicativo do traço cultural da áfrica que por vezes pode ser presenciado aqui no Brasil.

“Kuakiê!... Makèsú, Makèsú...”: a utilização do vocabulário nativo reforça a defesa da cultura africana e o contexto em se apresenta, uma situação de comércio onde a comunicação é privilegiada confirma a importância do idioma nativo.

“Hoje os tempo ta mudado”: o aspecto gramatical indica um poema que prioriza a cultura oralizada mesmo não atendendo as regras de normatização. Em segundo plano encontra-se o conflito da modernidade em que se encontra a África. Vários valores entram em choque à medida que os países avançam na relação internacional seja por motivos comerciais, religiosos, culturais ou tecnológicos. Com isto concorda o outro fragmento “Pegô num costume novo; Qui diz qué civrização”.

“Tem força do makèzú”: neste trecho do poema a personagem defende a sua longevidade e felicidade a partir da preservação da cultura protegida por ela e seus ancestrais. A acção conservadora de qualquer ramo social sempre recorrerá a experimentação para validar sua posição cultural.

3- No conto “Quem perde o corpo é a língua” serão destacados alguns dos aspectos relevantes dentre os temáticos e os formais.

Religiosidade africana: “artimanhas dos espíritos que faziam da floresta o seu lar”, uma referência ao animismo praticado na África. A “Caveira” é grafada com letra maiúscula como tendo uma personalidade possivelmente para atender a construção do conto, entretanto indica o aspecto religioso de crença na existência de vida fora da esfera natural. Ainda os dois próximos trechos: “num oco de pau” e “num oco de uma enorme e igualmente assustadora arvore” que indicam certo destaque a Caveira como um altar ou a posição de oráculo. Os dois fragmentos ainda alistados podem ser relacionados ao aspecto formal à medida que indicam a evolução de envolvimento entre os dois principais personagens do conto.

A cultura do extrativismo evidenciada pela ocupação do personagem que vivia da caça é um indicador de desenvolvimento econômico/social. Igualmente importante é a defesa do valor moral em sociedade que fica subentendido por meio do castigo físico imposto ao caçador quando não pode provar a veracidade de sãs histórias. Esta preocupação moral encontra na lição de mora depreendida pelo conto e que fica bem evidenciado pelo seguinte fragmento: “E cá entre nós, com toda razão!”, além de aplicar a moral por meio deste fragmento encontra-se no aspecto formal a subjetividade do autor que utilizando o pronome pessoal do caso reto na primeira pessoa do plural.

No campo formal aplica-se a língua quimbundo conforme fragmento: “Mukuendangó, Mukúfuangó, Mukuzuenlangó, Mukuiangó, o narrador utiliza o idioma original para estabelecer a valorização das raízes africanas.

A uma referência indireta a opressão sofrida pelos africanos com referência a correção por meio de um castigo público que remete a dominação violenta dos países colonizadores.

Rony Recla
Enviado por Rony Recla em 28/06/2012
Código do texto: T3750203
Classificação de conteúdo: seguro