O Fantasma
Certa calada da madrugada no meu quarto apareceu um fantasma.
Na hora em que o vi não sei porque fiquei sem o reconhecer.
O rosto dele estava completamente pálido.
Na mão direita dele havia um terço.
Perguntei-lhe sonolento e exitante ante aquela aparição:
_ Que és tu ó alma errante?
Ele imediatamente apontou para o espelho e disse:
_Veja agora ali...
Foi então que no amplo reflexo do espelho que o reconheci.
Não era uma assombração como eu pensei.
_ Que o senhor veio fazer aqui no meu quarto de madrugada meu pai?
Com a voz embargada pela emoção ele me respondeu:
_ Há muitas décadas já morri...
_ Então qual a razão de estar aqui?
Ele dentro do espelho me disse assim:
Na noite em que eu morri não pude um pedido lhe fazer meu filho.
Olhando para o fantasma de meu pai no reflexo do espelho
eu vi que estava ele mais branco e brilhava mais.
_ O Senhor passou a vida inteira sem falar comigo meu pai.
_ Por quê depois de muitas décadas vem agora perturbar meu sono?
Ouvi aquela reconhecida voz como uma súplica a mim.
_ Meu amado e mais querido filho!
_ Tu podes me perdoar?
_ Por qual motivo meu pai?
Perguntei entre as lágrimas.
_ Passei a minha vida toda maltratando-o
e chamando-lhe sempre de bastardo...
_Perdoa a minha alma dentro do inferno?
_ Já o perdoei desde menino meu pai.
Vazou naquela hora uma imensa emoção.
A alma dele me estendeu a mão.
Pareceu a mim que ia tocar-me.
Eu o vi voltar para o reflexo do espelho.
_ Sua voz sou cheia de emoção:
_ Deus te abençoe meu filho!
Desapareceu e não o vi mais.
Enfim olhando agora para os vitrais da janela
vi a alma de meu pai descansar em paz.