CASA NOVA -II-

No capítulo anterior, eu dizia...

...Do alto do morro via-se o sítio lá embaixo...Sítio pequeno, fruto dalguma herança de familiares antigos da região.

"Seo" Custódio era aposentado e para arranjar um dinheirinho extra trabalhava de caseiro...

Homem digno, sério e muito capaz no que fazia, e tudo com esmero e perfeição.

Tomava conta de uma linda chácara situada à beira do lendário rio Paraíba, lá em Santa Branca.

Seu proprietário, uma pessoa boníssima, era conhecido de muitas pessoas, ali na região onde era pessoa importante daquela sociedade.

E o "Seo Custódio, saía do sítio dele, do outro lado da montanha e no seu cavalo, vinha até a chácara do Senhor importante, para tomar conta de tudo e mante-la sempre bem arrumada, bem limpinha, com a grama sempre muito bem aparada.Isso era feito religiosamente todos os dias.

Era uma delícia irmos para lá e levarmos nossas famílias, para desfrutarmos daquele pedacinho de chão, à beira do rio, com grandes churrascadas, e eventos ali, onde nos reuníamos em feriados e fins de semana.

O sítio do Custódio, era uma propriedade sem muitos recursos e a casa, onde morava sua mãe, uma senhora já de idade, era ainda daquelas feitas de "pau-a-pique"...

Isso "incomodava" o boníssimo senhor dono da chácara que o Custódio era o zelador.

Sempre dizia que ia mandar construir uma casa pra mãe do Custodio, poder morar melhor...

Até que esse dia chegou!

Uma casa pequena de alvenaria foi construída ao lado da antiga feita de "pau-a-pique".

O terreiro de terra, era limpinho, era varrido, por aquelas vassouras, feitas de "guaxima", cujas vassouras ficavam ao lado da porta da casa, no terreiro.

Na pequena varanda um cachorrinho branco, dormia sonolento, com o focinho enrolado nas mãos do animal.

" - Morde? " perguntei ao chegar na porta da casa.

" - Não! é só pra fazer barulho e dar sinal quando chega alguém!"

respondeu-me a velha senhora.

E assim cheguei com o boníssimo senhor, ao sítio ...

Tinha sido convidado para o almoço de inauguração da NOVA CASA, que ele tinha mandado construir para a velha senhora.

No terreiro galinhas ciscavam e pastavam o seu almoço matinal, ao lado do rei do terreiro um belo galo carijó, o senhor daquele estranho harém...

Conversa vai conversa vem, a hora do almoço chegara...

O cardápio era um "frango caipira com quiabo" e acompanhamento.

Comida cheirosa e apetitosa, feita em fogão de lenha, em panela de ferro... e as mãos sábias da velha senhora.

O cafezinho coado em coador de pano, no bule de ágate, e xícara também de ágate, encerrou a lauto almoço.

Conversa vai conversa vem, Nossos agradecimentos com as nossas despedidas e a velha senhora, agora já habitando a CASA NOVA, que ficava ao lado da outra, poucos passos na frente dela, na mesma calçada, no mesmo terreiro varridinho e limpinho onde pássaros vinham cantar sentados nos galhos das árvores e galinhas tranquilas pastavam a sua refeição, na tarde modorrenta que demorava para terminar.

Lá deixamos aquela senhora em sua CASA NOVA.

Dias passados, perguntei ao Custódio:

" - E então? como está sua mãe, na casa nova?

e para surpresa minha ele me disse:

" Não deu certo!"

"Ela não ficou lá, voltou para a outra casa antiga de "pau-a-pique".

"Não acostumou-se com a CASA NOVA!"

Vejam vocês como são as pessoas simples, "verdadeiros tesouros elas trazem dentro de si"

Como disse um outro escritor muito sensível e que como eu, aprecia essas pessoas com muito carinho e muito respeito.

abraço a todos espero que tenham gostado

jorê

-josé Renato

jorê
Enviado por jorê em 10/07/2012
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