Café da manhã

Num dia ensolarado, pela manhã calma de Ponta de pedras, Lúcia, Luísa e Marina, com sua avó passavam as férias na casa de Ione. Todas já se preparando para passear no igarapé, foram primeiro tomar café.

Luísa, como sempre, arrumou tempo para olhar pela janela o dia sorrindo, as flores valsando e a onda do mar quebrando sobre os barrancos.

Marina que foi logo para a mesa já pegou o bule quase seco e ia maviosamente colocar o líquido em seu copo, quando a sua avó intercedeu tomando-lhe a vasilha.

Quem estava a mesa não entendeu, mas esperou o relato justificativo da anciã. Que ao invés de justificar colocou na xícara de Luísa o derradeiro líquido. Dizendo com a sua voz enrouquecida:

- Marininha você toma leite, deixe o café para a Luísa.

Após perde-se no espaço a voz. Marina ficou mofina no cantinho, com o seu olhar de dó, parecia que estava doentinha. Mas num lusco fusco dos segundos o tempo correu. Luísa veio assentou-se e tomou o seu café e em seguida todos seguiram para a canoa. Vovó Graça pegou um dos remos, enquanto Ione pegou o outro. Lúcia com Luísa ao meio e Marininha ainda calada, no outro polo do barquinho.

Remo vai remo vem e vovó Graça incomodada perguntou a sua netinha:

- O que foi minha filha. O que você tem. Diz pra vovó.

Como a despertar, com a sua vozinha cativante ela sem demora expos:

- Fofó a senhora não quis me dá café só porque sou peta?...

Um silêncio mordaz tomou conta do barco. Após um segundo todos começaram a rir sem parar.

A vó explicou ainda com resto de risos no rosto.

- Minha filha não é isso. É que a sua irmã não toma leite. Como o café era pouco eu me lembrei e quis mediar a favor de Luísa. Não foi por maldade ou coisa assim.