Homem-Motor.

No terreno ao fundo do bar do Pedrozo, lá pelo Largo do Quebra Pedra, habitava um sujeito tenebroso, conhecido como Homem-motor. Eu era criança de colo quando circulavam boatos a seu respeito. Porém só depois dos dezesseis é que me contaram de vez do que se tratava. O dito homem-motor, e daí a origem de seu cognome, mantinha relações sexuais com seu carro, um Chevette roxo, ano 77. Aquilo a princípio me assustava, não pela bizarrice, já que presenciei muita coisa absurda em minhas andanças, mas pelas possibilidades, ou impossibilidades, de se manter relação sexual com uma máquina.

As coisas funcionavam mais ou menos assim... Quando saía pela manhã, lá pela hora do almoço, que era de seu hábito levantar, homem-motor ligava o velho Chevette roxo e acelerava até o motor esquentar... Pisava, pisava e pisava... No escape aberto o urro do motor há anos atormentava a vizinhança, que, temerosa, nada fazia.

Quando o motor aquecia a contento, homem-motor saia do carro, levantava o capô, arriava as calças, abria o cu e se esfregava no motor quente. Em seguida, retirava o cano do carburador e introduzia seu pênis murcho em meio ao óleo e graxa, e ria, e peidava... E a vizinhança espreitava pela janela...

Assim, durante anos, para não dizer décadas, na hora do almoço e na madrugada, a orgia entre homem e máquina perdurou, atrapalhando o sono de idosos e crianças, enervando os sérios e chocando os cientistas, até que se fundiram um ao outro, e o homem passou a ser motor, e a máquina um pouco humana.

O cara agora está tendo uma relação intrafemural com o motor de seu carro! É uma situação extremamente orgíaca e obviamente íntima. UM ORGASMO ENTRE UM HOMEM E UM CARRO!

Ele acelera, e a cada acelerada o pistão do motor adentra seu cu, e a cada penetrada ele solta um uivo, uivo este que se confunde com o barulho do motor de seu carro! É louco, velho! Nunca vi nada igual! Nem em Lobisomem!

SAvok OnAitsirk, 16.7.12.