MEU PAI
Billy Brasil – 08-08-2012 – 03,44 hs – quarta – Pqi – SBC-sp

Armando. Terceiro filho de mãe zelosa e... Guerreira.
Ser misturado às raças, que evidenciaram sua vida, seu rosto.
Um pouco índio, um pouco negro, com atitudes boas, serenas.
Cantava, tocava, seu ídolo Orlando Silva, era um prazer, dava gosto.
Adorava a família, a vida, ensinou o básico aos filhos, honestidade.
Pequeno sofreu um grave acidente, conseguiu driblar a fatalidade.
Pouco estudo deixou palavras vivas de seu pensamento.
Horas vagas era o violão, a casa, areia, tijolo, consertos, cimento.

Lazer o futebol, belo craque de várzea, junto aos irmãos.
Paulo o mais velho adorava vestir-se bem e dançava em salão.
Raul o mais engraçado tocava cavaquinho, queria ser palhaço.
Vicente o caçula, tranqüilo, sorriso fácil, um encanto de pessoa.
Eram unidos, brigar com um, brigava-se com todos, na boa.
Suas paixões, muitas, amor tinha pelos filhos e por minha mãe.
Vacilou por conta de sentimento algumas vezes, paciência.
Funcionário Público, departamento de Imigração, sério.
Temente a Deus, não costumava ir a cultos, dizia demência.

Quando perdeu para o andar de cima seu amor, não ficou só.
Curtiu a vida a seu modo, seu jeito, parava quando estava o pó.
Pessoa extremamente simples adorava animais, era humilde.
Não bebia, deixou de fumar, adorava assistir um bom filme.
Aos 78 anos, subiu para encontrar-se talvez com sua paixão.
Deixando filhos, netos, emudecendo pra sempre seu violão.
Não sabia o que era filosofia, por aí sua historia vai.
Tenho saudades desse caboclo, pois esse foi meu pai.

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