PALMEIRAS, O ETERNO CAMPEÃO

Ainda criança, com cinco anos de idade, em 1993, resolvi que ia gostar de futebol, como meus pais são paulistanos e torcem para o Palmeiras, virei Palmeirense. Foi em um sábado, para ser mais exato no dia 12/06/1993 em pleno dia dos namorados, conheci uma das minhas primeiras, profundas e muitas paixões, o Verdão.

Meu pai, colocou-me na frente da TV, estávamos em Florianópolis. Ele me explicava que se estivéssemos em São Paulo, não estaríamos no estádio, pois passaria na televisão, mas que ouviríamos os fogos, pois o estádio do Morumbi, fica a poucas quadras da casa da minha avó. Sentado em uma poltrona de encosto vermelho, com apoios de madeira, há poucos minutos antes daquele final épico, comendo pipoca, tomando guaraná antártica (a embalagem era branca com letras vermelhas, semelhantes às letras manuscritas) e olho de sogra de sobremesa, que a minha mãe havia feito e ainda estava um pouco gelado. Antes de começar o jogo, os jogadores estavam perfilados, cantando o Hino Nacional (naquela época sabiam cantar) todos com caras sérias, afinal era uma final entre Palmeiras e Corinthians, sendo que o Palmeiras estava em desvantagem, pois havia perdido o primeiro jogo por 1 a 0. O então atacante corintiano Viola havia marcado o gol no jogo anterior e, na comemoração, imitando um porco, o gesto serviu de lição para o Palmeiras, pois durante toda aquela semana o então técnico Wanderley Luxemburgo, havia passado um videotape com esse lance. Os jogadores do Verdão entraram em campo com muita disposição de ganhar aquele importante campeonato e muito esperado, pois fazia 16 anos, 10 meses e 26 dias que o Palmeiras não era campeão. Assim que o jogo começou, o ataque palmeirense formado pelo trio: Evair, Edílson e Edmundo, fizeram uma jogada espetacular, mas o goleiro Ronaldo defendeu. Foi a vez do narrador Sílvio Luiz dizer: ”com que tranqüilidade o Ronaldo fez essa defesa”. O Palmeiras jogava para vencer, o Corinthians não dava espaço, o jogo era muito disputado com os dois times com muita sede de vitória, algo infelizmente ausente atualmente. Após cometer uma falta, por um carrinho, considerado pelo juiz como “violento”, Edmundo levou um cartão amarelo, mas muito inspirado, em uma jogava de muita habilidade, algo que nunca faltou a ele. Não deixou a bola sair pela linha do escanteio, cruzou na área do Corinthians, que desviou para e o Sílvio Luiz falou que bola havia sido lançada na cozinha do Corinthians com azeite. Confesso que não entendi nada, tinha apenas cinco anos de idade, não conhecia absolutamente nada de futebol. No rebote o lateral – esquerdo palmeirense Roberto Carlos chutou forte, mas o goleiro Ronaldo defendeu. A bola era muito bem tratada, não havia muitos chutões, pontapés, coisas do gênero. Era um futebol muito bem jogado, até que em uma jogada muito bem trabalhada, a bola saiu dos pés do Edmundo. O camisa 7 do alviverde, o zagueiro Henrique do Corinthians, tentou cortar a jogada, mas a bola encontrou os pés do meia esquerdo Zinho, que chutou com a perna direita e fez o primeiro gol do Palmeiras. Foi um gol chorado, quase que o goleiro Ronaldo agarrou. A bola ainda tocou a trave antes de entrar, o Sílvio Luiz soltou a voz e gritou: “éééééééé do Palmeiras, Ziiiinho, o craque da camisa número 11, confira comigo no replay”. A torcida palmeirense fez uma festa maravilhosa. Na volta para o segundo tempo, ainda no tempo normal, o Palmeiras se lançou ao ataque, com o zagueiro Tonhão, o narrador, disse: “lado direito Tonhão, lado direito Tonhão”, que havia lançado a bola para o Edmundo, que sofreu uma falta do goleiro Ronaldo. O narrador disse: “opa é o último homem, vai ter que expulsar”. O narrador China, disse: “cartão vermelho, já tá na mão”. Algum repórter deu a seguinte notícia: está expulso o jogador do Palmeiras: Tonhão. Foi a vez do China dizer: “o juiz tá fazendo média, para expulsar o jogador do Corinthians e não expulsar nenhum do Palmeiras”. O Corinthians estava com 9 jogadores em campo e o Palmeiras com 10, o goleiro Ronaldo saiu gesticulando, abrindo os braços como quem dissesse: “tinha que evitar o gol”. Entrou em campo o goleiro reserva Wilson, conhecido como Wilson Macarrão, logo que entrou fez uma defesa no chute do Evair, passou um pouco o tempo, Sílvio Luiz avisa, o telespectador sobre Evair: “matador não está nos seus melhores dias não”. Enquanto isso saiu uma jogada errada do Corinthians, a bola chegou aos pés do volante Mazinho, que no ano seguinte seria tetracampeão mundial com o Brasil, ele driblou, entrou na grande área e cruzou com a perna esquerda para Evair, marcar o segundo gol, garantindo a prorrogação, poucos minutos o mesmo, chutou forte a bola, defendida pelo goleiro Wilson, tocou a trave, no rebote o atacante Edílson, chutou no meio do gol fazendo o terceiro gol palmeirense,o narrador girtou: “éééééééééééé do Palmeiras, Edílson, o craque da camisa número 10”. A bola surgiu do cruzamento do zagueiro número 3 Antônio Carlos Zago, que 17 anos mais tarde viria a ser treinador do Palmeiras, o narrador e o comentarista China, falavam mal do regulamento do campeonato, porque caso o Corinthians fizesse gol (ainda existia o Golden Goal, gol de ouro), o Palmeiras perderia o campeonato. Acabou o jogo no tempo normal, hora da prorrogação, os jogadores de ambos os times sentaram no gramado, para receber orientações dos treinadores, o comentarista Mário Sérgio (Pontes de Paiva), disse que nos 30 minutos restantes o Corinthians tinha que ir a morte, mas que reconhecia que o título estava praticamente nas mãos do Palmeiras, dito e feito, no segundo tempo da prorrogação. O Edmundo sofreu um penal, havia sido puxado dentro da pequena área do Corinthians, Evair foi para a cobrança e converteu com muita tranqüilidade, bola de um lado, goleiro do outro, depois de muito tempo o Palmeiras, com a ajuda da parceira Parmalat, havia retomado o caminhos dos títulos da onde o Palmeiras, nunca deveria ter saído, foi nesse dia, aonde o Palmeiras, ganhou esses dois jogos um por 3 a 0 no tempo normal e 1 a 0 na prorrogação, na soma dos resultados 4 a 0. Até o final daquele ano o Palmeiras viria a conquistar mais dois campeonatos, Torneio Rio-São Paulo e o Campeonato Brasileiro em cima da equipe do Vitória da Bahia. Este campeonato acabou em Dezembro, época que eu iámos para São Paulo, chegando na casa dos meus avós, comentei que o meu verdão havia sido o campeão. Meus tios são corinthianos, eu não sabia, o meu tio William me disse: “que isso meu? Tem que ser corinthiano”. Eu não sabia que a metade da família era corinthiana. Mas para mim o que realmente importa, é que depois desse dia dos namorados, comecei a ver meu time campeão, com o tempo a fonte de títulos, foi secando, mas o meu amor pelo verdão, não, foi exatamente ao contrário, foi aumentando cada vez mais. Passou o tempo e em dezembro de 2001 fui conhecer o estádio do Morumbi, para conhecer, um palco de tantas vitórias palestrinas. Naquele ano não pude ir ao Palestra Itália, no dia do meu aniversário, quando eu completava 14 anos, conversei com meus pais, para irmos pela manhã, só quis dar uma olhada, simplesmente conhecer, amanheceu chovendo. Não pude ir fizemos a minha festa e fomos conhecer o vitorioso Palestra Itália no ano seguinte. O ano mais trágico da história da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 31/08/2012
Reeditado em 31/08/2012
Código do texto: T3859378
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