O menino que era sensível

Pedrinho era um menino muito carinhoso. Ele gostava muito das pessoas. Gostava de fazer e receber carinhos. Ele gostava muito de sua mãe. Para ele, ela parecia uma princesa. Achava ela linda. Ainda era muito zelosa com seu filho. Quando ele era pequeno, ela dava-lhe banho, e o punha para dormir. Antes porém, sempre contava-lhe uma história. E ficavam conversando até que o menino pegasse no sono.

Seu pai era diferente. Sempre estava mal humorado e reclamava de tudo. Dizia que o menino parecia um “maricas”. Pois sempre que lhe dava um sermão, o menino punha-se a chorar e corria para perto de sua mãe.

Na escola Pedrinho gostava de brincar com as meninas, pois os meninos sempre zombavam dele. Queriam que ele participasse de umas brincadeiras de luta que ele não gostava nem um pouco. Também queriam que ele maltratasse os animais, dando-lhes pedradas ou pauladas. Pedrinho não gostava desse tipo de brincadeiras, por isso os meninos lhe apelidaram de “mariquinha”. Ele ficava muito triste sempre que recebia esse apelido. Mas não falava nada, ficava quieto no seu canto.

Pedrinho tinha um tio que sempre vinha visitá-los. Era quando por alguns dias dormia em sua casa. Ele gostava muito desse tio, pois sempre lhe trazia presentes e era muito carinhoso com ele. O levava para passear no parque e lhe comprava doces.

O menino gostaria muito que aquele tio fosse seu pai, já que o pai não tinha muito carinho com o filho.

Um dia, num desses passeios, os dois foram fazer um piquenique num bosque perto de sua casa. Lá tinha um pequeno rio, então seu tio disse que lhe ensinaria a nadar.

O menino ficou muito contente, então os dois ficaram só de cuecas para não molhar o resto da roupa. O tio ensinou o menino a nadar, mas Pedrinho percebeu que ele sempre fazia questão de tocar no seu corpo. E começou a ficar meio sem jeito com aquela atitude do tio. Mas acreditava que era assim mesmo, que talvez era para segurá-lo melhor, para não deixá-lo afundar.

Várias vezes fizeram esse passeio. No começo Pedrinho gostava muito, pois até aprendeu a nadar. Mas passado algum tempo, ele percebeu que o tio só saia com ele para tocar no seu corpo, e isso passou a incomodá-lo. Pensou em contar para sua mãe, mas ficou com vergonha. E quando o tio lhe convidava para passear novamente ele sempre inventava uma desculpa: às vezes dizia que estava doente, que tinha muita tarefa para fazer, e outras.

Sua mãe começou a desconfiar das atitudes do filho, pois antes ele gostava muito do tio, e agora passava a ignorá-lo.

Um dia o tio disse-lhe que se não aceitasse passear com ele, ele levaria sua mãe para bem longe dali e nunca mais teria notícias dela. O menino ficou com medo e disse que no outro dia sairia com ele. Naquela noite o menino teve febre e pesadelo. Sua mãe ficou assustada e perguntou ao menino se doía alguma parte do seu corpo, pois aparentemente o menino não tinha nada. Foi então que mesmo com medo, o menino disse que não queria que ela fosse embora. A mãe disse que jamais ia abandoná-lo, e que se um dia fosse para longe o levaria consigo. Foi então que o menino contou a mãe sobre as atitudes do tio e da ameaça que fizera.

Sua mãe ficou furiosa, mas não com ele, e sim com o tio. E proibiu a entrada do tio em sua casa. Ainda fez um denuncia do tio e este foi internado em uma clínica, e ficou lá por algum tempo recebendo tratamento, até aprender a não ter mais esse tipo de comportamento com crianças.

A mãe de Pedrinho também conversou muito com seu pai. E o convenceu de ir a um médico para pessoas “estressadas”. Depois de algumas consultas com aquele médico seu pai parecia outra pessoa: brincava com o filho, era carinhoso com a esposa, e assim, Pedrinho passou a ter uma família feliz.

Marili Teixeira
Enviado por Marili Teixeira em 03/10/2012
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