Louco aos poucos.

Não meu amor, você não é louca. O que é ser louco numa terra aonde todos se dizem diferentes e procuram buscar um rótulo comum pra se classificarem?

Sabe o que me fez apaixonar por você? Absorção de mundos. Você absorve com clareza tudo aquilo que vê, uma sensibilidade única de saber que sinestesia não é confusão. A sinestesia é o melhor da sensibilidade. Quem consegue sentir gosto do mundo nunca fica com fome, nem com sede. Existe verdade em você. Verdades.

É estranho ver desenhos em nuvens? Ou observar a noite e procurar lugares no céu pra chamar de seu? É estranho ter medo do escuro? Estranho pra mim é querer criar em alguém a ideia de que nada que você é se faz necessário. Você transpira verdade. Só que transpirar não é essencial pra muitos. Muitos apenas respiram e expiram. Transpirar, suar verdade, é apenas pra quem resolveu que aquilo que se vê é muito mais do que o resultado da propagação de ondas e partículas. Abdicar dos ‘porquês’ e abraçar com toda força os ‘comos’ é uma tarefa minimamente incrível em um mundo que vive corrompido pelo relógio e orquestrado por papel-moeda.

Você tem medo? Eu tenho. Todos que consigo ter. Uns dos meus maiores medos é que sufoquem você. Medo de que alguém tape sua boca. Não, não… O pior mesmo seria se tapassem seus olhos… Os olhos que eu tanto gosto.

Fernando Cesar
Enviado por Fernando Cesar em 16/10/2012
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