LUA CHEIA
Abriu a porta pra lua, deixou que ela se refletisse por inteira na parede mal caiada,
sentou-se a mesa, a solidão doendo como faca enfiada e girada dentro do peito.
Era a única companhia de todas estas noites.
Pena que tão calada, só escutava suas queixas.
Puxou os dois pratos, um pedaço de pão dentro de cada.
Deixou que a lua se servisse primeiro e ela ali, só olhando, muda.
Pensou lá com seus botões que a lua estava sem fome esta noite.
E foi só então que ele percebeu o tamanho da sua distração,
era lua cheia!
(Elza Fraga)