Esperança
Ele ficou só, chorando e sentindo-se meio perdido
dentro daqueles jardins, parecia uma criança,
sua mãe não teve coragem de olhar para trás,
foi-se com o choro mudo, mas as lágrimas
teimavam em correr pela sua face triste e sofrida.
Não havia nenhuma saudade que ele pudesse sentir do seu terrível presente, e sim o lamento de já não ser quem era antes,
não era capaz de reconhecer-se em frente ao espelho,
embora jovem e bonito, estava com a aparência pesada,
e mesmo calado, seu o olhar pedia socorro.
Ele sabia que não estava encarcerado, porém,
por algum tempo haveria de perder a liberdade,
devendo ficar naquele lugar, que ora lhe parecia bonito e bom,
e ora era o próprio inferno das abstinências.
O tempo amigo que iria lhe ajudar e seria seu remédio,
também lhe parecia muito cruel,
porque as horas eram lentas demais...
parecia uma eternidade.
E nas manhãs, quando ele caminhava por aqueles lindos jardins,
seus olhos brilhavam mais que o próprio sol...
era o brilho da esperança que lhe fazia acreditar que
além daqueles portões existia um mundo inteiro esperando por ele,
que também esperava... encontrar-se livre, curado,
uma pessoa bem melhor para as outras,
mas principalmente para si mesma.