O AMIGO E A LUZ
Um velho sábio saiu de manhã pelas pradarias com um de seus discípulos a fim de repassar-lhe alguns ensinamentos. Junto aos apetrechos do velho havia uma cabaça com água, alguns frutos e uma lanterna.
Durante o dia inteiro caminharam até estarem muito longe do monastério e o sol já de dependurava no céu. Preocupado com a noite que vinha o jovem monge disparou logo uma pergunta:
— Mestre, já não é hora de irmos embora, pois a noite já é fato?
O mestre nada respondeu.
O velho monge caminhou mais alguns passos e sentou-se sobre uma pedra grande. O jovem, intrigado, indagou:
— Por que paramos?
— Esperar escurecer...
Sem mais nada dizer o velho acendeu a lanterna e a dependurou às costas. O rapaz ainda mais intrigado comentou:
— Mestre, por que esperou escurecer e agora coloca sua lanterna em suas costas?
— Meu amado discípulo. Esperei escurecer para que os monges no monastério acendam as luzes: assim fica mais fácil encontrarmos nossa casa.
— E quanto à lanterna às costas? Assim vai clarear a trilha por onde já passou!
— A lanterna em minhas costas é para que ilumine seus passos, meu amigo; pois eu já conheço o caminho.
— Pois bem, amado mestre, disse que sou seu amigo, como reconhecerei os meus?
— Oh, monge indouto! Para reconhecer seus amigos precisa passar pelo sucesso e pela desgraça. Com o sucesso conhecerá a quantidade, com o fracasso, a qualidade.