A rosa

Doce menina,com seus cabelos castanhos e olhos de mesma cor,mas sempre com um brilho intenso,ora de tristeza,ora de alegria.Pequena e frágil aos olhos dos outros e mais ainda aos seus.Poderia ser facilmente confundida com uma rosa sem espinhos.Pensava não ser o bastante pras pessoas,não reconhecia suas qualidades,e criava defeitos que a deixassem confortável.

Estava,na maioria das vezes triste,sem nenhum motivo aparente.Não sabia que quando deixamos a tristeza entrar,ela facilmente se acomoda a nossa vida,pois ela é estável,sempre foi o caminho mais fácil a se chegar.

A garota já fora feliz antes,só havia esquecido a fórmula,e não sabia por qual problema começar.Criava mil paixões para se distrair e buscar uma luta a vencer.Se iludia,pensava sentir amor,e culpava a si mesma,por não ser bonita,inteligente ou legal o suficiente para que a amassem.Se machucava tanto,mas sempre,sempre começava de novo.

Concluía certas vezes que tinha inseguranças comuns de garotas da sua idade,mas estava passando disso,um buraco negro de medos,magoas e incertezas estava se formando,e ela continuava a achar que tudo estava bem,que era assim que devia ser,primeiro a chuva depois o arco-íris.Se deixava entrar nas páginas dos livros,se afogava junto com as personagens.Estava cada vez mais convencida de que o mundo em que vivia nunca seria tão bom quanto os que conhecia nos livros.Criava mundos perfeitos em histórias que escrevia,escrevia para si e para o mundo,esperava respostas.Romantizava a tudo e a todos,queria uma história perfeita,queria ser protagonista dessas histórias de livros,queria vencer as batalhas e depois a guerra final e por fim se jogar nos braços do príncipe encantado,mas não tinha coragem suficiente para assumir o que era,para enxergar e amar o que quer que ela fosse ou viesse a ser.

Pensava com otimismo,mas sempre acabava por agir tomada pelo medo,não agia por conta própria,se apegava as estrelas,chorava,deprimia se.Tinha uma vontade insaciável de ser mais,fazer mais,viver mais.

Gritava por ajuda,mas ninguém podia escutar,ela estava por conta própria.Se pegou lendo uma carta certo dia,uma carta de seu passado,citando-lhe suas qualidades,dizendo-a o quanto ela era especial.Chorou,mas não eram lágrimas de tristeza ou frustração e sim de realização.A garota que antes parecia tão frágil e quebrada,juntou seus pedaços,acrescentou várias camadas de amor próprio,e juntou alguns espinhos,apenas uns poucos.Só para começar,quando estava na rua,entre muitos guarda-chuvas,largou o seu,deixou que as gotas da chuva gelada,acariciarem seu rosto,fechou os olhos,sorriu.Estava viva.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 17/03/2013
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