...Mala cheia!
- Não venha me falar do amor. Quero-O, mais que tudo, longe da minha bagagem que, definitivamente, não tem como acomodá-LO! E olha que já tenho a receita para não levá-LO na bagagem: Invento que tirei férias, longas, e talvez um dia eu retorne.
Sai, então, pela vida, vendo o belo no campo, no verde, nas crianças que brincam, no casais de mãos dadas e sente que ainda ama a idéia de aprender a amar melhor da próxima vez que voltar das férias. Pois recorda que alguém lhe disse certa vez que 'o depois corrige tudo do antes".
Mas, segue, porém, adiando essa volta enquanto der, pois acredita que 'a expectativa' do que possa lhe esperar quando voltar talvez seja melhor do que 'a concretude' da volta. Ou, pelo menos parece mais segura considerando que falta-lhe aprender a acomodá-LO na bagagem.
Uma matemática complicada, mas com resultados salutares, com certeza, ele precisa aprender: diminuir o volume para aumentar o espaço na bagagem que nos acompanha sempre.
- Mas, eu não tirei férias? Porque, então, ELE deveria caber em algum compartimento da minha bagagem? Não sei. Vou fingir que não O vejo, não O sinto, não O quero na bagagem que trago quando invento uma viagem de férias. Pronto.
Pensa, enquanto idealiza que fecha a mala de viagem.
Porém, ELE é tão sossegado que não se importa com estes questionamentos, com os espaços apertados, e permanece firme a esperar 'o retorno desta longa viagem' da qual, sinceramente, nunca se tira férias: da vida! Pois ELE confia que talvez até seja invisível aos olhos, mas nunca ao coração!
Viver é um exercício de fé. Não despreze o que você tem de melhor para levar na sua bagagem: o amor. ELE é imprescindível sempre.
Boa viagem!
Liliane Prado(Exercício literário)