Rei da noite( Por Rachel Souza e Wolmer filho)

A música rolando no fundo, as batidas tomavam conta dos sentidos, dava pra senti-las dentro da pele....

Acho que vou pro bar, de repente tem algo pra misturar com o resto de janta que ainda tenho no estômago.

-Garçom, dois dedos de Scott, agora que a festa vai começar, isso vai arrasar minha úlcera...

É, acho que é exatamente isso que tenho que fazer agora, afinal de contas a última emoção forte que tive foi o ensopadinho de jiló que minha velha fez pra mim,que porra de vida! E uma porra de vida que está se resumindo numa porra de úlcera no estômago...

Não gosto de médico, não vou!Não vou me tratar com a medicina avançada dos planos de saúde, vou é encher a caveira, mais cedo ou mais tarde viro uma mesmo...

Então é isso, com certeza essa dor vai me fazer dançar a noite toda, dor daqui, dor dali, vou ser o Tony tornado do CTI, o que importa? Depois das conjecturas, vem a primeira contração...

Uma roda abre-se à minha volta... As luzes focalizam só a minha pessoa... O show vai começar...

Rio de desespero, rio de dor, enquanto ensaio o primeiro passo. Levo a mão à barriga e aperto com força, como se as tripas fossem sair inteiras nas minhas mãos,o sangue correndo nos dedos e um sorriso de alívio. Chega a hora do segundo passo.... O segundo passo é meu preferido

Aquele que faço, quando a dor mais aguda atinge a boca do estômago e faz minha coluna se tranformar num, o copo de scott já foi pro caralho, O suor desce. De calor? Não, de frio mesmo, do mesmo frio que faz esquentar meu estômago como se fosse um vulcão... A coreografia da morte! E as pessoas olham, elas parecem gostar, "Oba! Mucosas expostas, de graça!!"

Filhos da puta! Caio no chão, acham que vou fazer um solo... Não me oferecem ajuda, não me olham, só riem, só dançam... Um qualquer chega a perguntar se faz parte do couvert...

Reúno as parcas forças e peço que me tragam algo pra beber. Minha voz sai baixa, quase miada.

Dancei!