Beleza é fundamental

Sr. Geraldo, encontrou na feira uma velha conhecida, que aproveitando a oportunidade do encontro casual, lhe ofereceu um cachorro. Enfeitando o pavão, a velha conhecida dizia que o cachorro era maravilhoso. Sr. Geraldo até relutou, em não querer o animal, porque não tinha espaço em sua casa, mas ai falou alto o coração. E coração de apaixonado é coisa séria. Já pensando em agradar a sua amada, resolveu aceitar o presente para oferecer a dona Alda sua pretensa noiva.

Como não tinha espaço em sua casa forneceu o endereço do seu amigo. A velha conhecida foi-se e Geraldo foi preparar o terreno na casa do amigo, que nas condições e características do animal cabia tranquilo em sua casa.

Na casa do amigo, o senhor Veriano, Geraldo chegou dizendo que ganhará um cão pequenez, muito bonitinho, capado e devidamente podado. Dona Mimim, esposa de Veriano ficou interessada, mas Pedro a desmobilizou lembrando do Sansão, um cachorro vira lata, que há anos acompanhará a família. No argumento do sr. Geraldo estava a de presentear a sua enamorada. Assim, pela intenção e por fazer as vezes de cupido, o sr. Pedro e dona Maria concordaram de imediato.

Passado os dias, a velha conhecida, enfim apareceu deixando com dona Maria um cão fora de todos os padrões, um verdadeiro presente de “Grego”, que sem saber o que fazer, o jeito foi aceitar. Sem imaginar, que num curto período de tempo teria que lavar toda a cozinha e cuidar da sala, pois o cachorro, que era puldo e pequenez, mas de pequeno e podado só tinha o rabo, fez a sua arte. Pulou a cancela, que fazia a divisa e limitava a entrada do quintal a cozinha, e foi mijar no fogão, na geladeira e como se não fosse o suficiente, invadiu a sala e inaugurou o sofá recém chegado. O cachorro era muito irrequieto, ora latia, ora pulava, ora agredia o Sansão e comia parecendo um desesperado.

Num só dia, dona Maria já queria se livrar do animal e quando o senhor Pedro chegou, feito travessura de um filho pequeno ela relatou ao marido o que o cão fez. Pensativo o velho, não contou conversa e sem se trocar ou tomar banho para o jantar, foi a casa do senhor Geraldo.

Lá chegando encontrou o senhor Geraldo fabulando do dito cachorro com dona Graça e Rosimar e de suas intenções em presentear a sua amada, quando o sr. Pedro interrompeu os risos e as características benévolas do animal descrito para dizer a Geraldo que não queria mais o cão pois ele estava se estranhando com o Sansão, sem no entanto falar das desqualidades do animal, pois sutilmente percebera, que os ouvintes ficaram interessados no animal e como queria se livrar inqueriu o amigo.

Sem dizer mais nada, Rosemar na expectativa de que dona Graça fosse dizer algo, mais do que depressa pediu para tomar conta do cão, com a intenção subliminar de ficar com ele. Sem levar em conta a intenção amorosa do amigo Geraldo. E assim, o sr. Pedro, chegou e deu meia volta para levar a casa de Rosemar o presente.

Costurando a conversa o senhor Geraldo que sequer havia visto o cão continuou enfeitando o presente, enquanto dona Graça foi-se e Rosemar ficará ouvindo.

Lá pelas nove hora da noite, Rosemar chegou em casa e avisou a sua filha, que já tinha uma verdadeira puldo, que ganhará um macho para cruzar com Laila a cachorra. As duas, mãe e filha até comemoraram. E enquanto Rosemar foi ao super mercado a mocinha ficou esperando na ânsia o que o sr. Pedro trouxe às dez.

Ao visualizar o animal Rosinha fez a pergunta se era aquele o presente e o senhor Pedro ironizou dizendo, que da casa dele para a casa dela ele foi sofrendo uma mutação. Os dois riram e o cão acabou ficando.

Quando Rosemar chegou e foi ver o que a sua cobiça almejou ela não aguentou. Por uns segundos em sua casa o cão inaugurou o fogão e mordera a pobre da Laila. Confusa ela até se desnorteou colocando o animal para a rua.

Na rua o cão desembestou, morto a fome rasgou o lixo do vizinho para comer resto de comida, rolou sobre coisa em decomposição e ficou podre além de brigar com os cachorros que por lá moravam.

Rosinha em dialogo com sua mãe a fez ver o que fizera e a culpa a demoveu do castigo que pensara ter imposto a cão, ao pô-lo as margens da rua. Mais do que depressa, isso as onze horas da noite, ela e Rosinha bateram na casa de dona Graça e dona Alda, a pretensa namorada do senhor Geraldo e contou o seu drama pedindo ajuda para achar o cão.

Comovidas as senhoras aceitaram e lá pelas horas perdidas da cabeça, encontraram o cão sem nome, presente de “Grego” para levar a casa do sr. Geraldo, que quando viu dona Alda batendo em sua porta naquela hora, quase desmaia e movido pelo coração foi abrir a porta.

Ao se dar conta da verdadeira situação ele acabou pagando o pato sozinho. As senhoras foram-se bastante chateada e ele acabou, de forma mais trágica conhecendo o seu presente.