ALMA EM CONFLITO

Como sempre Melissa perdeu a hora, o jeito fora sair às pressas para o colégio, por questão de segundos não pode entrar para assistir a aula, e voltou pra casa se sentindo um tanto injustiçada... Afinal, perdeu a hora pois passou a noite estudando para o teste de matemática.

Seus pais estavam no trabalho e sua irmã na creche; sentada na mesinha da copa, ela comia cereais com leite quando sua segunda mãe e ajudante do lar Lucinda chegou.

Melissa estava triste naquela manhã chuvosa... Nem mesmo Lucinda lembrou de seu aniversário!

Rodrigo, desde o inicio do namoro que completava oito meses, não ficava um só dia sem ligar ou mandar sms, e justo no dia em que completava os tão esperados dezoito anos, dia tão especial pra ela... Não atendia suas chamadas.

Ligou para Joana sua melhor amiga, e perguntou se ela não queria ir ao shopping, mas a amiga disse que tinha um compromisso e logo desligou... Desanimada, Melissa foi arrumar seu quarto, definitivamente não era o seu dia.

O que a menina não sabia é que, os pais conseguiram uma folga nesta sexta-feira, para organizar uma festa surpresa na casa de sua tia Marlene, estava tudo combinado.

O pai fez um financiamento e comprou um carro para presentear a filha, a mãe junto com as tias da menina, cuidavam da decoração da festa.

As amigas preparavam os docinhos, a avó fez a torta, e a família do namorado contribuiu com os salgadinhos, todos literalmente pondo a mão na massa!

Lá pelas 16:00hs como o combinado, Lucinda terminou o serviço da casa, deu uma desculpa para Melissa que não queria ficar sozinha, e foi ajudar nos preparativos da festa.

Quando tudo estava quase pronto, e todos haviam chegado, a mãe de Melissa ligou e tentou ser o mais natural possível; disse à ela para não esquecer de por a ração do Toddy, seu cachorrinho de estimação, e depois ir até a casa de sua tia Marlene, buscar uma encomenda.

Tudo corria como o esperado, Melissa nem desconfiava.

Quando entrou no ônibus sentiu uma angústia estranha... Vontade de chorar, de voltar pra casa.

Desceu na rua em frente a casa de sua tia, caminhava para o sinal quando foi abordada por um assaltante, ele queria o celular e a carteira, ela de pronto entregou... Mas ele atirou mesmo assim.

A bala penetrou a cabeça de Melissa, o ladrão fugiu!

O tiro chamou atenção não só dos familiares, como dos vizinhos, já que a rua sempre foi tranquila, logo todos foram ver do que se tratava e viram a moça caída e ensanguentada.

Ficaram todos desesperados, foi muito triste.

A PARTIR DAQUI, MELISSA VAI NARRAR A PRÓPRIA HISTÓRIA...

Naquela tarde, quando me sentei no ônibus, sentia um aperto no peito como nunca havia sentido antes.

Talvez um misto de dor e medo, vontade de descer e retornar pra casa... Sentia a energia ruim no ar; porém, não dei o valor devido e continuei.

Quando caminhei em direção a faixa, senti um frio na espinha, parecia estar sendo seguida, mas olhei pra trás e não tinha ninguém.

Continuei caminhando e quando fui atravessar a rua, ele surgiu do nada!

Não sei dizer como, não tinha ninguém e de repente aquela mão gelada me apertava violentamente o pescoço e um objeto frio era pressionado contra minha cabeça, próximo ao ouvido.

Ele disse que era uma arma e que eu devia entregar a carteira e o celular, me mandou ficar quieta pra não morrer!

Eu tremia tanto... Tentei entregar a bolsa, pra me livrar; mas ele puxava meus cabelos com força, e insistia querer apenas o celular e o dinheiro... Nunca em vida senti tanto medo.

Entreguei o pouco dinheiro que tinha na bolsa e meu celular, nesta hora pude ver seu rosto; deu-me um chute na barriga, com tamanha violência que caí de joelhos... Ele me apontou a arma, disparou contra mim e correu.

Continuei agachada, tentando reunir forças para me levantar, a dor era tanta que parecia que o chute tinha penetrado meu estômago, mas achei que o tiro não havia me atingido, não senti! Levantei e todos vieram me acudir.

Era só isso mesmo que eu queria, o colo de minha mãe e o abraço do meu pai, para me sentir segura.

Mas fiquei confusa ao vê-los passar por mim como se eu não existisse!

Uns diziam para chamar a polícia, outros a ambulância, e tinha alguém que pedia para por as crianças dentro de casa... Aquilo tudo era tão confuso.

Minha mãe desmaiou e me desesperei; corri em sua direção mas não consegui tocá-la...

Foi quando tive a certeza que algo estava errado! Olhei pra trás e vi...

Meu corpo estendido no chão, em meio a poça de sangue... Meu sangue, meu sangue, MEU SANGUE!

Percebi que estava morta...

- Mas como? -Me perguntava!

Sentia dores no estômago, e até inspirei um pouco de ar... Estava respirando!

Tapei o nariz e me senti sufocar... Isso não é um sinal de vida? Estava enlouquecendo.

Então pensei que, talvez estivesse fora do corpo, mas não exatamente morta.

A ambulância enfim chegou...

Foi tão doloroso ver o Rodrigo chorando na calçada, gritando meu nome.

Eu o amo tanto, vou amar pra sempre!

Meus amigos se abraçavam e choravam; o papai revoltado culpava Deus.

Minha mãe quando voltou a si, entrou em choque e parecia não escutar e nem ver ninguém, olhava pro nada sem esboçar qualquer reação; somente as lágrimas rolavam sem parar.

Levaram meu corpo; papai e minha tia, me acompanharam na ambulância, ele segurava minha mão e dizia à todo tempo que tudo ficaria bem; só precisava de ajuda... E tudo ficaria bem...

Continua...

Christinny Olivier
Enviado por Christinny Olivier em 27/05/2013
Reeditado em 30/05/2013
Código do texto: T4312405
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