ALMA EM CONFLITO - Parte II

Continuação...

Acompanhei por longas horas o trabalho dos médicos.

Na recepção do hospital, minha família intercedia por mim; cada qual com sua religião.

Papai agora, implorava a ajuda de Deus, e mamãe não parava de chorar.

Notei que minha avó não estava ali, provavelmente ficou na casa da tia Marlene, com minha irmãzinha... Pensei em estar com elas e logo estava lá.

Vovó rezava por mim no quarto, ante sua Santinha à qual é devota, e minha irmãzinha de dois anos estava assistindo desenho sentadinha no sofá, quando estendeu a mãozinha e disse:

- Mel, senta ati!?

Ela me viu... Quer dizer, como? Como pode? Será que ela está morta?

Fiquei confusa!

Fui até o sofá, e tentei tocá-la... Não consegui!

Ao menos, minha irmãzinha estava bem, e por algum motivo desconhecido por mim, pode me ver.

Fiz com os dedos o sinal de um coração... Me deu um nó na garganta, quando ela fez o coração e mandou um beijinho.

A vovó entrou na sala e estranhou a cena, quando perguntou com quem ela falava, apavorou-se com a resposta.

Tentei me aproximar dela, mas minha presença, lhe causou frio.

Ouvi um barulho vindo da garagem, e desci para ver o que estava acontecendo...

A flavinha, paula e Joana, estavam guardando as mesas do que seria minha festa de aniversário.

A decoração estava linda... E o que eu não faria para provar um brigadeiro, sentir o aroma do chocolate e não degustar é tortura!

Queria abrir os tantos presentes que meus amigos levaram pra mim.

Não posso definir o que senti ao ver o carro que meu pai comprou pra mim, sei que abriu mão de coisas importantes em prol da minha alegria.

Tinha um incrível laço vermelho, deve ter sido idéia da minha mãe, é a cara dela fazer isso. O presente que sempre quis e não imaginava ganhar.

Agora, não podia nem mesmo tocar em nada, isso me causou mais revolta e dor.

Quando retornei ao hospital, meus pais recebiam a notícia de minha morte.

Tinha tanta esperança de acordar do coma, e agora tudo teve fim... Não me conformava!

No dia seguinte, pela manhã o telefone tocou. Meu pai foi chamado na delegacia, o meu assassino foi preso e para decepção de minha família que esperava a prisão como forma de justiça; ele era menor de idade.

Foi levado para uma instituição, a lei o protege... Afinal de contas, o que fez o coitadinho?

Destruiu uma família, acabou com meus sonhos, tirou minha vida!!!

O rapaz que tirou minha vida com tanta naturalidade, tem dezessete anos e completa dezoito em menos de um mês, é considerado menor? Isso não é justo!

De uma forma ou de outra, ele tinha que pagar!

As pessoas que amo velaram à noite inteira o meu corpo; meu namorado estava inconsolável... Isso eu esperava, só não contava que ao amanhecer, a Paty,ex-namorada dele, teria a cara de pau de vir pra "dar uma força" palavras dela.

Eu sim, precisava de "forças"... Para levantar do caixão e expulsá-la dali, que folgada!

A Paty deu um abraço nos meus pais, tocou no meu corpo e depois ficou abraçando o Rodrigo, foi de mais pra mim... Fui para o corredor respirar um pouco, não que me fosse preciso, mas é força do hábito.

Uma mocinha esperava na porta, um tipo estranho, não conhecia; logo a Paty se juntou a ela, e ambas cochicharam:

- Ai Paty, vamos embora logo, detesto cemitérios.

- Eu também, mas tinha que vir pra me reaproximar do Rodrigo, tenho certeza que contou à meu favor!

- O corpo ainda nem esfriou e está de olho no namorado dela?(risos)

- É a vida... E essa já foi tarde, nunca fui com a cara de Melissa!rs

Quando ouvi essa conversa, senti uma raiva tão grande, foi subindo um calor, uma sensação de força estranha, dei um chute na lata de lixo e a mesma foi lançada contra Paty, que ficou toda suja.

Eu tinha esquecido o prazer que é dar uma gargalhada, e ela mereceu! (risos)

Tentei novamente e nada, precisava descobrir como derrubei a lata de lixo, seria de grande valia em minha vingança.

Não fiquei pra ver meu sepultamento, fui ao encontro do meu assassino.

Quando novamente vi seu rosto, lembrava de tudo com ódio.

Que ironia, ele tem o nome do primo com o qual tenho mais afinidade, se chama Caio.

Estava sentado em uma espécie de pátio, conversando com um moreno forte e alto que aparentava ter seus vinte e cinco anos, mas se estava ali, era "menor" também.

Tentei de várias formas agredi-lo, mas não obtive êxito.

Dentre as bobagens que falavam, Caio disse algo que me chamou atenção... Afirmava ser frio, pois sempre matou sem pena; e que a única coisa que o faz sofrer nesta vida, é quando acontece algo ruim com a mãe ou irmã, pois elas eram tudo pra ele, já que nunca se deu bem com o irmão mais velho.

Depois de ouvir este relato, resolvi fazer uma visitinha.

Assim que entrei na casa, o gato da família ficou me olhando, tentei brincar com ele, mas fugiu... Vai entender!

A casa era simples, a mãe dele cozinhava com a ajuda da filha, que se chamava Carol.

Com minha presença, a mãe sentiu arrepios e mal-estar, Carol deu-lhe remédios e suspeitavam que ela estava com a pressão alta, devido os aborrecimentos que o filho causava.

Já Carol não sentia nada!

Desabafei, dizendo que elas viviam normalmente enquanto minha mãe chorava, disse que às odiava!

Nesse instante, Carol apertou com os polegares seus olhos, e ficou ofegante, com uma expressão raivosa.

Percebi que minhas palavras influenciavam ela, de alguma forma.

Comecei a falar no ouvido dela que a mãe era culpada dos seus problemas e ela se voltou contra a mãe, criando a maior confusão...

Continua...

Christinny Olivier
Enviado por Christinny Olivier em 28/05/2013
Reeditado em 30/05/2013
Código do texto: T4312710
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