ALMA EM CONFLITO - FINAL

Continuação...

Sob minha influência, Carol deu inicio a uma longa discussão, em seguida se trancou no quarto.

Fiquei confusa com aquela situação, queria punir alguém pelo que me aconteceu, mas a família do meu assassino não tinha culpa... O choro da mãe dele me deixou atordoada e sai da casa.

Estava de partida quando Carol saiu chorando e batendo as portas, já passavam das 22hs e as pessoas se recolheram mais cedo devido ao frio, a rua estava deserta... De certa forma me sentia culpada pelo que fiz e resolvi acompanhá-la.

Num dado momento, notei que dois homens pareciam segui-la; ouvi a conversa deles... Tinham planos de atacá-la no final da rua, e levá-la para um beco sem saída.

Precisava fazer algo... Mas o que faria? Tentei influenciá-los mas não consegui, todas as minhas tentativas de agressão também foram inúteis.

Decidi retornar a casa dela e tentar me comunicar de alguma forma com o irmão mais velho.

Quando cheguei na porta da casa, uma espécie de barreira energética não me permitia entrar, olhei pela janela e tinha algo tão luminoso que demorei a perceber que, em meio à essa luz tinha um homem, do qual o rosto não pude ver. Suas vestes eram tão alvas quanto a neve e ele estava de pé ao lado da Mãe de Caio, que de joelhos, em meio as lágrimas orava.

Parecia clamar em voz alta, porém, não ouvi uma palavra sequer de sua oração, tentei novamente entrar na casa mas foi em vão.

Retornei a rua onde estava Carol, bem no instante em que aqueles homens à alcançaram, no auge do desespero tentei pegar um pedaço de madeira velha, que estava jogado próximo ao muro e aconteceu algo inusitado.

Consegui pegar a madeira, e atirar nas costas de um deles, quando olharam pra trás me viram... Não houve gritos, somente o pavor estampado nos olhos deles, que pareciam estar congelados, foi então que decidi cumprimentá-los...

- Buuuhhh!!!

- Ahhhhhh....

Correram desesperados pela rua, pedindo socorro, deixando os chinelos velhos pelo caminho, e sem olhar pra trás.

Carol ainda estava aérea, não me viu, e ficou confusa com a reação deles, saiu às pressas dali e foi aflita pra casa.

Fiquei tão aliviada em vê-la a salvo, permaneci ali refletindo em tudo que me aconteceu desde o momento de minha morte.

Quase houve uma tragédia, que foi gerada por meu desejo de vingança; não podia dar continuidade aquilo.

Não poderia combater o mal, fazendo mal aquelas pessoas tão inocentes quanto eu; até porque, não traria de volta minha vida.

A menina não tinha culpa do crime cometido pelo irmão, estava decida a deixá-los.

Enquanto refletia vi uma espécie de balão luminoso e dois homens surgiram à minha frente, um deles, bem alto, magro e de cabelos grisalhos, me estendeu uma das mãos.

Em meu coração sentia que o certo era acompanhá-lo, mas na dúvida, rejeitei e corri dali. Não queria ir à lugar algum onde pudesse estar longe de minha família.

Antes de seguir para minha casa, quis saber como estava Carol... Espiei pela janela; ela contava o ocorrido e a mãe agradecia a Deus, contando que orava pela filha, e tinha certeza que por seu pedido um anjo a livrou!

Bom, não foi um anjo, mas teve o dedo de um ser superior, que me materializou na hora.

O importante é que todos estavam bem; e só desisti de ir pra casa quando o filho mais velho contou a mãe, que Caio mandou recado pelo parente de um interno, avisando que esta noite teria uma rebelião e junto com uns amigos iria fugir, precisava de roupas e dinheiro.

Fui rapidamente pra lá e o cenário era de horror, colchões queimados, gritos, e dois monitores muito feridos, estavam amarrados a uma cadeira.

Em meio a confusão, Caio capturou mais um dos monitores, e o agredia com a mesma fúria no olhar do dia em que nos cruzamos, ele era mal... Tinha prazer na violência, queria matar um homem trabalhador a golpes, por prazer. Como teve prazer em minha morte.

Não aguentei ver tanta covardia... Quando ele se preparou para dar mais um soco; Silvério, um moreno forte que era muito próximo a Caio, segurou seu punho fortemente.

Sem entender,Caio o olhou confuso e viu que tinha algo errado em sua expressão, o amigo não era imune à minha influência e o agrediu, o fazendo provar do próprio veneno.

Seus companheiros o deixaram pra trás, o moreno que agrediu Caio foi o último a pular o muro.

Desesperado, confuso e ferido, Caio tentou pular mas não obteve a firmeza necessária e desequilibrou. Mesmo estando eu com raiva, ao ver a queda, no calor do momento tentei ajudá-lo, mas foi inútil...

Senti certa agonia ao vê-lo daquela forma, caiu de cabeça e quebrou o pescoço; seu espírito levantou-se confuso.

Esperei tanto pelo momento de acertarmos as contas!

Segui sem pressa em sua direção mas parei ao ver tipos estranhos se aproximando; eles nos viam e confesso que isso me deixou insegura. Vestiam preto, tinham a pele pálida e um sorriso sombrio e debochado.

Confuso, Caio fazia perguntas, mas eles o pegaram pelos braços e sumiram sem dar uma palavra.

Assustada, fui pra casa ver minha mãe que durmia profundamente sob efeito de seus tranquilizantes... Dei-lhe um beijo, e disse que os amo!

Na porta do quarto já me esperavam os mesmos homens de branco que encontrei quando refletia na rua.

O mais velho, que depois soube ser meu bisavô materno, me estendeu novamente a mão, e disse que mamãe lembraria do beijo, como um sonho bom; deu um sorriso terno, e desta vez segurei bem firme sua mão e fui com eles.

FIM.

Christinny Olivier
Enviado por Christinny Olivier em 31/05/2013
Código do texto: T4317953
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