A LEITOA

Vejam caros amigos, como a vida nos afronta,
Um rico fazendeiro, cuja a sorte o abandonou,
Acometido de uma doença, assim o fato conta,
Gastou toda fortuna, mas do mal não se curou,
É aí que aparece, o seu filho que apronta,
Depois do momento, que a vida lhe deixou,

Deixou viúva e filho, sem a riqueza que tinha,
Só sobrou uma leitoa, que chamavam bacurim,
Mas o filho com carinho, deu nome de estrelinha,
Aquele pequeno animal, era querido assim,
Acabou o alimento, a necessidade era tamanha,
Se matando a leitoa, seria uma opção ruim,

Dessa forma mãe e filho, decdiram vender,
Para comprar alimento, buscaram uma solução,
O animal de estimação, não desejaram comer,
Pegando a estrelinha, para a feira foi então,
Seguindo pelo caminho, a todos a oferecer,
mas só ouvia negativas, sempre lhe diziam não,

Sendo ele muito teimoso, continuou em ação,
Até chegar a cidade, em uma casa viu um casal,
A porta estava fechada, aberta só um janelão,
Sem pensar em fazer aos dois, qual quer mal,
Inocentemente começou aquela louca invazão,
Saltando pela janela, começou a peça teatral,

Do homem chamou atenção, ofereceu o produto,
Tentando vender, quando buzinaram no portão,
A mulher disse valeime, meu marido é bruto,
Escondendo os três, no guarda roupas então,
O menino aproveitou, por ser muito astuto,
Negociou com sabedoria, usando dessa razão,

Compre agora o animal, o homem disse tá louco,
O menino falou vou puxar no rabo dele agora,
O mesmo pediu espere um pouco,
Mas ele disse vou puxar, e o cara sem demora,
Com a fala tremendo e aos poucos ficando rouco,
Logo pagau tudo que tinha, e nem pediu troco,

O marido foi embora, o menino foi a feira,
O homem deu estrelinha, ao menino de presente,
Chegando no comércio, comprou a sua maneira,
Seguindo para casa feliz, alegre e contente,
Ao chegar em casa, levando tanta fartura,
A sua mãe se espantou, e indagou consciente,

Menino o que aconteceu, como conseguiu isso?,
O menino contou a sua negociata de sucesso,
A mãe então reclamou, você não pensou nisso,
Essa coisa é pecado, apesar do seu progresso,
Precisa ir a igreja, para Deus lhe perdoar disso,
Ele falou, antes quero comer, esse nó eu deslasso,

Depois de se alimentar, a ordem ele obedeceu,
Foi a igreja rezar, e quando na porta chegou,
Vejam o que se passou, e como tudo se deu,
O padre subiu o cálice, e quanto a porta olhou,
Pensando que o menino, ao vê-lo o reconheceu
Já vem vender bacurim de novo, alto ele gritou.