Antes Que Me Esqueçam...

Eric do Vale

“Me deixem, bicho acuado

Por um inimigo imaginário

Correndo atrás dos carros

Como um cachorro otário.”

(Lobão & Cazuza: Mal Nenhum)

Cessado todo este burburinho, divulgo, nas redes sociais, esta nota a fim de manifestar o meu descontentamento aos veículos de comunicação que dão margem a este tipo de gente que, às custas alheias, se acham no direito de conquistarem os seus “quinze minutos” de fama, depreciando a imagem do próximo. A posição que, atualmente, ocupo me permite zelar pela minha reputação, não me dando ao gosto de situar-me num espaço midiático para fazer um papelão em rede nacional, principalmente na companhia de alguém que tinha o propósito de me constranger. Tudo ocorreu num programa de auditório em que o apresentador mencionou, a todo o instante, o meu nome, ao mesmo tempo em que o cameraman focalizou a cadeira vazia, onde eu deveria estar sentado, dando a entender que eu me acovardara. Por essa razão, optei em recuar, quando me colocaram na berlinda.

Alguém que deixa de fazer parte do nosso convívio e reaparece nessas circunstâncias só pode ser um fantasma. Engraçado, quando eu figurava no anonimato e não dispunha de muitos recursos financeiros, essa pessoa, ou esse “fantasma”, jamais me procurou para tirar satisfação do “mal” que, no passado, lhe causei, como agiu, recentemente, acionando os órgãos de imprensa, provocando todo esse alarde. Não há duvida de que qualquer indivíduo que se encontrasse na minha situação concluiria que, ao atingir a maturidade, torna-se impossível assumir certas atitudes da adolescência. E, se não me falha a memória, esse “mal”, há muito tempo, que havia sido reparado, quando, nessa época, sofri as devidas represálias. Esse “fantasma” também me causou muito constrangimento, falando para todo mundo que me conhecia sobre esse “ocorrido”. As pessoas desviavam da calçada só para não passarem por mim. Resultado: tive que recomeçar a vida em outro lugar e, somente hoje, percebo que esse incidente foi o ponto de partida para a minha trajetória.

Apesar de haver chegado aonde cheguei, jamais passou pela cabeça regressar ao meu lugar de origem. Seria mais fácil viajar pelo Triângulo das Bermudas, do que ir para lá. Quando decidi por retornar, os moradores me receberam feito um candidato em véspera de eleição. Havia muita gente conhecida daqueles tempos, residindo lá e que fizeram questão de me cumprimentar, apresentando-me aos seus familiares. Naquele momento, convenci-me de que tudo havia sanado até esse “fantasma” aparecer para me assombrar. Como tenho plena consciência de que não lhe devo coisa alguma, poderia encarar isso como uma página virada, mas, em se tratando de um lixo afetivo, prefiro enxergar como uma descarga que, há muito tempo, eu já puxei a cordinha.

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