E se o tempo perdido fosse encontrado?

Duas crianças correndo ao vento, juntas de mãos dadas, cantando sobre o tempo, o tempo perdido, o tempo que eles ainda não perderam e se perderam ainda não encontraram. Aquela música fazia com que eles se sentissem gigantes, fortes, com uma voracidade, uma fome de vida nunca vista antes. Não era só pelo ritmo, ou a letra, era o conjunto todo, só por falar em ''tempo perdido'' a ânsia por vida fumegava dentro deles...eles berravam a letra aos sete ventos não dando a mínima importância a quem estivesse ouvindo, tinham o belo dom de ignorar completamente o resto do mundo quando estavam juntos. Se sentiam tão incomuns perante a sociedade comum que tinham em sua volta, pareciam aliens, não pertenciam aquele planeta. Eram da lua, das estrelas, dos cometas, das galáxias, eram do universo e não sabiam. Eram as jóias mais incomuns e preciosas que o homem foi capaz de polir.

Eles cuidavam do tempo, sem ter noção de sua contrariedade, tempo é uma fonte quase que inesgotável, se formos analisar de uma forma geral, o tempo ''universal'', temos sim muito tempo e não temos quase que nenhum, mas ao longo de nossa vida vamos perdendo ele um pouquinho, aproveitando quase que nada, elaborando e lendo mil e uma teorias sobre o tempo...a verdade é que não sabemos sobre ele. Eles quebravam os ponteiros de cada relógio, para que pudessem ficar mais tempo juntos, um dia e uma noite nunca eram suficientes para eles, nunca. Controlavam os minutos, segundos, como se fossem o Deus do tempo, ou o Deus Tempo. Não pareciam notar isso, só notavam um ao outro e a beleza que o mundo irradiava ao redor deles. Não compreendiam o tempo, as pessoas, a sua sociedade, não buscavam compreensão nesse mundo que é de ninguém e é de todo ''mundo''. Eles sentiam, eram também, sentimentos, qualquer oportunidade que tinham de agarrar o tempo (desculpe caro leitor, por colocar tanto ''tempo'' neste texto, ousei falar desse Deus, como poeta que sou, era minha obrigação tentar.) não desperdiçavam e agarravam. Corriam em direção a vida, a cada ponteiro de relógio que quebravam, corriam em direção ao tempo. Corriam.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 02/08/2013
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