Os falsos amores de um jovem

Conversava silenciosamente, no quarto, com sua amiga Sativa. Havia conhecido há pouco. Foi depois do carnaval, quando rompeu com Linda Pereira. Linda não se mostrava tão fiel quanto antes e aquela relação já estava um tanto estagnada. Não sentia mais prazer ao ficar com ela e há algum tempo ela não lhe proporcionava fortes emoções. Foi por isso que decidiu partir para outra, começar uma nova amizade. Sativa era tão atraente, tão interessante, era realmente a garota dos seus sonhos.

Um rapaz bonito e legal precisava de alguém camarada para lhe fazer companhia. Sativa era a pessoa certa, podia lhe oferecer tudo o que quisesse. Ele a foi conhecendo aos poucos, penetrou a fundo naquela amizade e de repente - como num piscar de olhos – os dois estavam namorando. Rapidamente, uma simples amizade tornou-se uma relação de compromisso muito séria. Ele estava apaixonado, não conseguia ficar nem mais um dia sem a presença da sua namorada. O amor dele por ela era facilmente notável, tamanha era a cumplicidade entre ambos. Entre quatro paredes acontecia de tudo um pouco. Sativa era um pouco mais velha e mais experiente, já passara nas mãos de outros, enquanto o rapaz estava conquistando lentamente sua independência. Ele suava, seu espírito se exaltava e várias eram as vezes que seu corpo chegava a tremer, seus membros ficavam bambos quase sempre.

Após considerável tempo de convivência, o rapaz brigou com a moça. Onde havia ido aquela Sativa de antes, que tanto o instigava? Ele perdera o desejo, estava totalmente sem libido. A relação tornara-se cada vez mais fria e o garoto a abandonou, mas foi em comum acordo, iria ser melhor pros dois.

Depressivo, o jovem vai curtir sua idade. Freqüentara shows, saía para a night e conhecera um grupo de rapazes do qual queria fazer parte. Porém havia um pequeno problema. Todos do grupo eram comprometidos e assim deviam ser os novos componentes. Então, seus colegas o apresentaram uma moça valente e guerreira com quem passou poucos dias porque ela logo descobriu que estava sendo enganada. Ele mantinha um caso oculto com outra moça, pois estava muito agitado e precisava relaxar.

Era Lea Salgado Dummont, ma jovem de família rica, à qual ficou inteiramente subordinado. Ela lhe satisfazia como ninguém, o deixava totalmente antenado, ligado o tempo inteiro. O levava a devaneios. Ela era fiel e ela muito boa, fez até com que ele deixasse de beber. Agora ele só tomava coca e beijava Lea.

Elefantes cor-de-rosa, postes caindo. Que maneiro! Seu coração disparava.

O jovem foi ficando um tanto confuso com seu amor. Será que é real? Lea era verdadeiramente sincera? Não sabia. Suas idéias estavam atormentadas. Ele sentia-se muito inferior a ela. Ela era muito rica, tinha tudo o que precisava e o rapaz ainda não decidira realmente o que queria, não chegara ao ápice do amor, pois não havia nenhuma moça perfeita, que atendesse todas as suas necessidades.

Mas, apesar de tudo, ele parecia estar feliz. Agora ele era um craque, pegar todos os tipos de mulher. Da fraca a forte, da rica a pobre, da feia a bonita, porém nenhuma era muito boa e ele definhava rapidamente ia sendo depreciado, pois todas as suas namoradas eram superiores a ele, que se sentia um ínfimo ser incapaz de e valorizar.

Estava passando de craque habilidoso a compulsivo violento. Se us olhos eram turvos e vermelhos com o sangue de suas veias dilatadas. Reminiscências e suas paixões passavam como flashes em sua mente que o deixavam cada vez mais desvairado.

Tentaria suicídio. Teria ele coragem para acabar com a própria vida? Não! Era um covarde. Um fraco. Um insignificante.

E eis que entre uma e outra alucinação surge um clarão. Um grande espaço tão cândido quanto a aureola de um anjo e tão luminoso quanto os raios de sol que resplandeciam nas suas manhas de outrora.

Sob a brancura da luz desponta um dilúvio de lágrimas que brotam dos olhos de um jovem apaixonado-entorpecido, que jaz ali prostrado como um inseto morto, sem alma, sem coração.

Ninguém supõe quão belos foram os momentos que antecederam o seu trágico fim.

Jucarvalho
Enviado por Jucarvalho em 08/04/2007
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