O Homem ao meu lado. Pg1/7

Para preservar a identidade das pessoas envolvidas omitirei alguns detalhes. Mas posso dizer que o fato deu-se em uma pequena e aconchegante cidade no interior do Estado do Rio de Janeiro onde fui a negócios. E foi para tratarmos de negócios que nos conhecemos. Doutor Trigal estava precisando ampliar seus negócios agropecuários e para tanto necessitava de vultoso empréstimo financeiro, e recorreu a instituição financeira da qual era cliente antigo e eu funcionário. Concluído o negócio Doutor Trigal me convidou para ficar em sua propriedade por alguns dias, convite que aceitei sem pestanejar visto que eu precisava de uns dias em ambiente ameno, sem as correrias do meu cotidiano. Estava prestes a me aposentar, voltaria para a casa e meu trabalho com animo revigorado. Mas não foi como eu esperava.

No terceiro ou quarto dia de hospedagem na casa do Doutor Trigal tivemos uma conversa que jamais esquecerei. Nunca contei para ninguém o que escrevo nessa carta. Deixo a carta como uma espécie de desabafo, expurgo, para quem a encontre e leia depois de minha morte fique com o peso desse segredo.

Doutor Trigal abusara do destilado importado naquela noite. Estava sempre com um copo na mão, bebia todo dia e a qualquer hora, mas naquela noite seu limite ao álcool foi ultrapassado e ele falou o que não falaria se sóbrio estivesse. Fiquei tão chocado com o que ouvira que nas primeiras horas do amanhecer inventei uma desculpa qualquer e saí de lá o mais rápido que pude. Doutor Trigal ficou deveras surpreso, era meu plano ficar mais dois dias em sua casa. Percebi durante nossa despedida que ele não se lembrava absolutamente da conversa que tivemos na noite passada, e isto me tranqüilizou muito, pois há segredos que não devem ser contados, segredos que podem ser perigosos para quem deles tiver conhecimento. E eu não tenho nenhuma dúvida de que o Doutor trigal me mataria caso lembrasse de haver contado seu tenebroso segredo.
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Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 15/08/2013
Reeditado em 15/08/2013
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