GUERRA (parte 2) - O OUTRO LADO


Continuação do texto "GUERRA (parte 1) - O PALCO DO FIM"
 
Apaguei...

O tempo passou. Lentamente, vou recobrando minha consciência. Não sei dizer por quanto tempo fiquei desacordado. Não sinto dor, não estou cansado, não ouço mais o rajar dos tiros passando por minha cabeça. Os gritos dos feridos não ecoam mais em meus ouvidos. A guerra acabou?

Não entendo! Minhas últimas lembranças são do tiro que levei e de meu corpo caindo, inerte, ao chão.

Me apavoro! Onde estão todos? Onde estão meus compatriotas e aliados? Onde estão meus agressores?

Não ouço vozes por perto, o vento não sopra. O silêncio do ambiente é aterrorizante, amedrontador.

Já é noite, e deitado onde estou, percebo que o céu está diferente de antes. Sem nuvens e sem estrelas, mas cintilante em uma linda aurora boreal de cores intensas e dançantes, pulsantes e vivas; no azul, verde e lilás.

Fico absorto, deitado no mesmo local onde fui baleado. Sem coragem para olhar ao meu redor. Sem coragem para me levantar na noite e desvendar o mistério que me rondava. Assim, preferi esperar pelo amanhecer.

A noite foi demasiada longa. Meus olhos não fechavam. Não sentia sono. E conforme foi amanhecendo percebi que a aurora não desapareceu e sim, que apenas suas cores mudaram de tom. Se antes pulsava em tons frios, agora exibe cores quentes em tons de vermelho, lar
anja e amarelo.

Tomo coragem e ergo meu corpo. A cena é aterradora. De pé, vejo que realmente continuo no mesmo local onde ocorrera o combate. A terra está devastada, as árvores caídas e destroçadas como conseqüência dos ataques sofridos de ambos os lados. O cenário imparcial aos adversários acabara sendo, também, destruído.

No chão, dentre aliados e inimigos, estão muitos e muitos corpos caídos por todo território. E próximo a mim vejo os corpos dos inimigos, ou melhor, dos homens a quem matei e do outro que tirou minha vida!
 
Espere, ele tirou a minha vida! Então como posso estar em pé olhando para o cadáver do meu assassino?
 
Algo está errado. As peças do quebra cabeça não se encaixam! Fico desorientado em meio àquela confusão surreal, não consigo entender. Não consigo me situar.
 
Começo a caminhar...


 
( Continua no texto: "GUERRA (parte 3) - O IMPOSSÍVEL" )

 
William Mesquita
Enviado por William Mesquita em 01/09/2013
Reeditado em 03/09/2013
Código do texto: T4461346
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