SECRETÁRIA

Era noite alta e ainda não havia conseguido achar uma maneira de se livrar daquilo. A cabeça lhe doía, o corpo já não obedecia, sentia-se realmente esgotado e sem forças pra continuar.

Sabia que não podia parar, olhou para a lua num momento de respiração profunda, sentiu o ar frio da noite lhe invadir o corpo e do fundo da alma lhe veio uma força e uma motivação que poucos conseguem aflorar.

Num ímpeto decidiu que aquele seria o momento decisivo pra concluir aquilo que a tanto tempo lhe tomava as energias. Pegou as chaves do carro e sem pensar em nada saiu do apartamento sem ouvir o insistente recado que apitava em sua secretária eletronica.

Chovia torrencialmente. A única coisa que lhe vinha à cabeça era a dor, o medo e a angustia. Percebeu que não podia mais pra voltar.

O que tinha na secretária? O que devia fazer? Será que estava fazendo a coisa certa?

Não importava mais nada, ja estava em direção ao seu destino, bom ou ruim a resolução do que iria acontecer dependia de si mesmo.

Quanto mais se distanciava da cidade, mais também deixava pra trás o que o ligava a ela. Agora nada mais o impediria. Mulher, filhos, trabalho...Era a sua honra, mais que isso, era a sua vida que estava em jogo.

Um jogo que havia entrado e que agora precisava ser decidido.

Mesmo sem saber o que resultaria sua atitude, as consequencias poderiam ser piores do que imaginava.

Avistou um posto na estrada e parou. Suas pernas tremiam, seus braços estavam quase imóveis e sua mente ofuscada por respostas.

O bar estava às moscas, já passava das 3 da manhã, mas tinha a sensação de que todos o olhavam. Não sentia fome, nem sede, mas precisava se acalmar. Entrou no banheiro e ao lavar o rosto percebeu que estava pálido. Tomou um café puro e seguiu viagem, estava a menos de 20 minutos do local.

Ao lembrar do corpo escultural daquela maldita mulher seu coração acelerou.

Os sentimentos produzem reações que nem imaginamos.

Chegou, parou, pensou e finalmente entrou.

Como de hábito sentiu um cheiro forte no ar, as luzes como sempre não mostravam por completo quem realmente frequentava o lugar.

Conferiu o paletó, o dinheiro estava lá e a arma estrategicamente escondida na cintura.

Ao se deparar com aquilo ficou sem reação, ainda não tinha sido percebido mas agora era tarde. Uma gota de suor pingou em sua mão que quase disparou a arma. Ele estava fora de si e neste momento a única coisa que lembrava era de seus filhos, de momentos felizes que ja tinha vivido.

Sem perceber havia sido dominado por dois grandes homens que o levaram para um quarto reservado.

Ela estava lá, mais provocante do que nunca. Olhou bem dentro dos seus olhos e colocou uma metralhadora dentro da sua boca.

Seu último pensamento foi: O que havia no recado da secretária eletronica?

( Luciana Baldo / Sidnei Oliveira )

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Sidnei Oliveira
Enviado por Sidnei Oliveira em 22/04/2007
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