O mar apaixonado

Sinto saudade daquele dia, aquela menina tão pura, simples, verdadeira. Só a vi uma vez, onde será que ela está?

Num dia de verão, fui para praia, aproveitar minhas férias. Andando pela praia, com pés nus, sentindo a pureza da areia. O mar ficou agitado. Subi na pedra mais alta, para poder observar, o mar, o horizonte e o mundo. Pensei comigo: Hoje não irei aproveitar as águas. No mesmo instante, o mar foi se acalmando, achei estranho; será que é porque eu pensei que não poderia nadar? Desci da pedra, segui em direção a água; com minhas pernas brancas, espalhei água para todo lado, estava feliz. Como é bom ficar no mar, tão puro, belo, tranqüilo; sentir as ondas, todo o mundo. Nada mais me importava, só interessava-me o momento, o mar e eu, nós dois. Daria tudo para morar perto da praia; mas pena que moro tão longe, é muito triste. Queria ficar aqui para sempre...

No decorrer do verão, muitas pessoas passam por aqui. Pessoas vêem pessoas vão. Mas quem quero não aparece, sinto falta, queria vê-la mais uma vez.

Ao decorrer do dia, não acreditava; muito distante vi ela, aquela menina que muito tempo atrás me apaixonei. Meu coração saltava de alegria, quando aproximava-se, linda, formosa como a vi da primeira vez; sua alegria e pureza contagiavam o mundo, tudo era mais belo. Chegou perto de mim, mas parou, olhou, e se foi. Subiu na pedra mais alta. Não acreditava, meu coração foi partido. Até que percebi que ela estava com medo de mim, me acalmei, vi sua feição mudar e para melhor. Desceu da pedra. Ela correu em minha direção, sorrindo, era tudo que eu precisava; sou a pessoa mais feliz do mundo agora. Mergulhou em meu âmago, com toda alegria do mundo, como se nuca tivéssemos nos vistos, e abraçou-me. Esse momento, queria eternizá-la, para sempre ficar junto a ela. Nada mais me importava, só interessava ela e eu, juntos, nós dois. Aproveitei cada segundo, não sabia quanto tempo ficaria, nem quando iria voltar. Só me importava esse momento.

Depois de muitas caricias, beijos e abraços. Ela começou a escorregar pelos meus braços. Fui tomado pelo medo. Quando iria voltar? Voltaria a vê-la? Cada vez mais distante. Deu-me a costa e foi embora, fui acompanhando com o olhar até onde podia, até perdê-la. Minha alma foi tomada por tristeza, desabei a chorar. Não sabia o que sentia, se era raiva, tristeza ou medo. Comecei a ver o mundo em preto e branco. Fui abandonado...

Despedindo da praia, do lugar que mais queria ficar. Começou a chover. Uma chuva muito forte, o vento gritava, as coisas estavam sendo arrastadas pela chuva. Não entendi o porquê. Estava claro e tudo mudou. Corri para abrigar-me, não enxergava mais nada, estava com medo. Não tinha mais força, estava sendo arrastada pela chuva. E em direção ao mar. Pensei comigo: Vou ser engolida por algo que gosto tanto, por quê?

Senti-me afogando, já estava dentro do mar. Comecei a afundar, sem esperança, era o meu fim...

Em minhas tristezas, percebi que a linda menina voltou para mim. Que alegria, ela voltou! Estava em meus braços. Não quero deixá-la ir, nunca mais...

Hoje vivo, eternamente, passeando, livre de tudo, no fundo do mar.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 24/04/2007
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