Meus mistérios

Em uma exposição de obras de arte. Para prestigiar nossos artistas, numa bela tarde de feriado.

Passando pelos corredores do estabelecimento, observando grandes pinturas; vivas, que tinham um potencial expressivo muito nítido. Havia muitas pessoas, também com o mesmo propósito que o meu. Belas cores e formas. No fundo estava acontecendo um workshop de um pintor; em outra sala uma mesa redonda, com grandes pintores.

Vagando, vendo toda a decoração do lugar, vi um vaso; um vaso bonito que me chamou atenção. Não sabia sua origem. Com belos detalhes. Uma forma de uma abóbora como base, subindo em forma de cilindro fino, com um gargalo fino e virado para fora. Era azul cristal, a parte superior difundia com vermelho mantendo o azul. Com detalhes dentro do vidro. Mas havia algo de errado com ele. Era diferente de tudo que estava exposto. Carregava algo mais do que beleza. Aproximei-me. Fui engolido. Estava dentro do vaso. Mas como? Até poucos minutos estava numa exposição de arte e agora estou dentro de um vaso?! Penso que estou dentro dele. Será?

Procurando uma saída. Estava tudo escuro e fechado. Podia se ver muito pouco. Algumas coisas sem forma e definição. Seguindo em frente, em busca de uma saída, encontrei dois caminhos. Já estava um pouco mais claro. Não sabia para onde ir, não tinha idéia de onde estava; mas tinha que seguir algum caminho. Fui pela direita. Pensei comigo: Qualquer coisa eu volto e sigo o outro caminho. Caminhando cautelosamente, percebi que o espaço estava aumentando. O teto e as paredes estavam distanciando-se do chão, de mim. Até que encontrei um fim. Deparei-me com um altar. Mas o que significava tudo isso? Era um espaço grande, com alguns desenhos nas paredes. No fundo havia uma mesa feita de rocha, para oferendas, com duas tochas do lado e pouca claridade.

Por um outro caminho de acesso, chegaram alguns outros homens. Pelo menos aparentava ser.

Chegaram perto do altar. Colocaram um dos homens sobre ele. Acenderam as tochas. Falavam umas palavras estranhas, parecia um ritual, em seguida o degolaram. Nem fez barulho. Assustado, voltei pelo caminho e entrei no primeiro abertura que vi, à esquerda. Seguindo por um longo corredor, cheguei a um outro lugar espaçoso, já fiquei mais atento. Olhando para o fundo vi um trono, bem no alto, de rocha. Havia algo escrito no topo do trono, não conseguia ler. Também havia uma luz sobre o trono. De trás dele apareceu uma mulher. Muito formosa, porém, muito estranha. Estava descalça, com uma folhagem sobre sua parte íntima, seios nus; um belo cabelo que aparentava ir até o meio das costas, e uma bandana sobre a cabeça. E começaram a aproximarem-se homens. A mulher que possuía o trono começou a devorá-los. Um a um. Fugi de lá. Correndo de volta para um lugar que nem sabia onde era. Mas estava voltando. Trombei numa parede. Cai de costa. Ao erguer os olhos, vi muitas pessoas presas, em uma gruta, com grandes de um material que desconheço. Magras, solitárias e raivosas. Levantaram-se, vieram em minha direção, mas estavam presas. Olhando para o lado, estavam aproximando os homens do altar. Comecei a correr, desesperado, mais a frente vi a mulher, louca por comida. Não encontrava mais saída. Angustiado. Perto de meus pés havia um pequeno buraco com uma luz fraca, agachei-me e segui engatinhando, em direção a luz. Todos aqueles seres estavam me perseguindo. Chegando próximo ao final. Senti uma mão segurar o meu pé direito; era a mulher, com olhos vermelhos, veio vagarosamente subindo pelo meu corpo; com o olhar frio, passando a língua nos lábios, com desejo. Abriu a sua boca. Mordeu-me no pescoço. Estava tudo escurecendo. Estava tão perto da saída, quase livre.

Abri os olhos, estava na cadeia. Lembrei de quem era e porque estava lá.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 25/04/2007
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