No fundo dos olhos

No decorrer de minha vida, conheci belos olhos, de cores verdes. Sei que existem muitos, mas nem todos são iguais. Percebe-se por cada expressão, por seus pigmentos, sua vida.

Sentado na praça, sozinho, em poucos minutos depois dessa observação, ao meu lado; sentou-se uma mulher, de aparência muito agradável aos meus olhos. Esqueci do tempo, onde estava, quem era; só importava aquele momento. Ela percebeu que estava olhando para ela. Não conseguia disfarçar; seus olhos me chamavam. Fui entrando em seu universo, cada vez mais fundo, encontrando seu âmago.

Estava debaixo da cachoeira, aproveitando toda natureza, sentindo toda pureza da água. Olhando toda a natureza. O rio que seguia depois da queda da água; as rochas que me cercavam; as arvores em volta das rochas. Aves viviam ali, diversas espécies presentes naquele lugar. Havia outros animais desfrutando de seu habitat natural. Céu claro, águas transparentes, silêncio. A água corria pelo meu corpo nu; a sensação indescritível, palavras não descrevem; somente a alma sabia o que era.

O céu estava ficando escuro, era uma chuva que aproximava. Os animais estavam inquietos, as aves voaram, um vento forte soprava. Formou-se rapidamente. E em seguida despencou. A chuva descia com muita força. Relampejava. Muito barulho. Não tinha para onde ir. O que fazer? Tentei subir a rocha, vinha em minha direção uma árvore que um raio acertou. Pulei, o mais longe que consegui; voltei para a água; águas violentas, que queriam me engolir. Tentando sobreviver, debatendo-me, descendo rio a baixo. Louco de desespero. No fundo de minha alma perguntava-me: Porque isso está acontecendo? Não lembro quem sou, o que estou fazendo aqui, e por que estou tendo este fim.

Fui recolhido para dentro de minha alma. Silêncio. Tudo era escuro. A loucura dominava-me. Medo, incertezas, angústia. Ouvia uma voz dizendo-me: Não tenha medo. Tudo o que você passa é para benefício próprio. A vida é passageira. Tudo isso é você, somente você. Medos seus. Agora viva; viva em paz.

Os olhos verdes me olhavam, satisfeitos, aprendi tudo que precisava.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 25/04/2007
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