O Egocêntrico Malakias

O egocêntrico rei Malakias se prepara para o jantar quando seu servo adentra na sala em pleno desconforto atrapalhando seu banquete.

- Meu Rei! Essas crianças estão se atrevendo a chutar a bola em nossos portões magistrais, confesso que estou começando a me injuriar de tamanha infelicidade.

O orgulhoso velho responde:

- Primeiro você pediu permissão para penetrar em meus aposentos? Não esta vendo que estou num momento de sossego e fartura? Saia da minha frente!

O pobre homem não retrucou, saiu do grande castelo batendo bruscamente a porta banhada ouro.

- Quem este fedelho pensa que é? Chega sem avisar, atrapalha minha paz e ainda por cima bate minha porta? Quando me dirigir a este vagabundo novamente será para colocá-lo no olho da rua.

Lá fora, três garotos não davam trégua ao portão. Parecia que ele havia se tornado um grande gol. Tinha até traves, mas com um olhar normal era apenas a moldura feita em prata maciça com um retoque branco cristal.

- Sumam daqui seus fedelhos! Ou irei despachar todos de uma vez!

Gritou o gordo guardião confiante.

- Da um tempo tio só estamos batendo uma bolinha, o que tem de errado nisso?

- Este não é o lugar apropriado para esta brincadeira, se retirem imediatamente ou as conseqüências serão severas.

Os garotos ficaram assustados, porém desconheceram o perigo a sua frente. Um deles chutou a bola tão alto que a mesma passou pelo portão e acabou atingindo o vidro que se espatifou.

-I, Ferrou!

Os três saíram em disparada, o guardião ficou furioso.

- Droga olha o que esses moleques fizeram, agora terei de me explicar com o Rei tal desconforto.

Logo após terminar a frase, sua majestade berrou em frente à porta principal do castelo devido ao grande estrondo que acabará de ouvir.

- Guardião Messias! Venha até aqui seu gorduroso imprestável!

O medo tomou conta do rapaz que se dirigiu com rapidez.

- Pode explicar-me o que atrapalhou meu sossego?

- Perdoe-me meu rei, aquelas crianças atiraram a bola em sua vidraça principal. Prometo que isso não irá se repetir.

O homem soberano olhou bem para Messias e balbuciou:

- O quê? Esta me dizendo que essas crianças quebraram meu vidro, mas você não fez nada? Para que estou lhe pagando verme? Para ficar apenas observando?

- Por favor, eu sei que errei, mas...

Antes de o homem terminar a frase, exclamou o rei

- Não me venha com isso, se você não pensasse apenas em comer, não estaria desse tamanho e poderia pegar um por um, agora irei tirar seu salário dos próximos quatro meses para consertar sua falta de profissionalismo. Desculpe-me, entretanto da próxima vez haja, não fique apenas olhando porque não é para isso que lhe pago. Agora se me da licença irei tomar um banho. Toda essa história me deixou com um semblante desagradável.

No dia seguinte, uma doce menina tocou a campainha para buscar a bola que havia caído nos aposentos do velho. Seu nome era Rebeca. Meiga, educada, alegre e linda. A garota tocou a campainha, e uma voz de imediato disse:

- Quem é?

- Olá, meu chamo Rebeca, me desculpe por atormentar o senhor, porém vim até aqui para buscar a bola dos meus irmãos. Fiquei sabendo que ontem houve uma barbaridade e queria-lhe pedir perdão e dizer que não ocorrerá novamente. Só quero pegar a bola e juro que não iremos mais incomodar. Seria possível senhor?

Uma gargalhada soou do interfone

- Hahahaha, você acha que a bola de seus irmãos esta aqui ainda? Pois fique sabendo que meu guardião já despachou isso para o lixão municipal, é lá que acessórios inadequados para tais lugares e pessoas intolerantes como vocês devem ficar. Agora volte para sua casa.

- Mas, senhor. Aquela bola foi o último presente de meu pai antes de vir a óbito, ela tem grande valor sentimental para nós. Gostaria muito de pagar pelo aborrecimento que causamos, no entanto viemos de uma família muito pobre e não temos condições para pagar uma vidraça tão cara quanto essa.

- O quê eu tenho a ver? Não é da minha conta. Vocês procuraram por isso, não eu. O que houve é para todos aprenderem que não se deve bater bola na casa dos outros, bando de tolos!

A menina sentiu uma tristeza enorme invadir sua alma após o discurso do rei, então retomou:

- Por favor, eu só quero pegar a bola e voltar para casa, meus irmãos estão chorando muito por não terem o que brincar. São apenas crianças não tinham noção do perigo que estavam correndo.

- Já disse, não estou nem aí. Ninguém mandou eles chutarem ela. Sinto muito, mas agora não há volta.

O interfone desligou-se. A pobre garota chorou durante alguns minutos pela ignorância de Malakias, mas logo após se levantou e foi atrás do lixão municipal em busca da tão preciosa bola.

Em seus aposentos o rei ria, ria vulgarmente deliciando-se de seu melhor vinho.

' Continua '

Rafael Fernando Cibi
Enviado por Rafael Fernando Cibi em 11/02/2014
Reeditado em 11/02/2014
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