sumiço

Primeiro escondemos as panelas, mas zilda achava pouco, que deviamos esconder mais coisas. sugeriu todas as facas e todas flanelas. achei precipitado, mas logo concordei, escondemos todas no assoalho. Logo pensamos em algo maior, algo grande, que causasse um grande impacto. o rádio ou a televisão, papai não vai aguentar. decidimos pelo rádio, por causa de sua paixão por futebol, mas insatisfeito tiramos a televisão. mas zilda era impaciente, achava pouco, queria mais destaque. por telefone não dar pra falar. vamos marcar uma reunião para as quinze horas. na hora certa esperei por ela, chegou esbaforida e sem que tomasse ar quase gritou, vamos esconder a cama deles. preciso pensar, respondi pra ela cheio de dúvida. aquele dia nem quis sair com o pessoal, fiquei no quarto pensando nisso. escrevi muito sobre o assunto, até que me veio a luz. fui até seu quarto e perguntei que horas pensava em fazer isso. Marcamos para o dia seguinte depois que eles saissem para o trabalho. o quarto ficou muito vazio sem a cama. quase que deu pena, quase que sentimos alguma coisa. os olhos de zilda brilhava, parecia mesmo que ela estava sentido. mas não me preocupei com isso. os dias foram passando, o tédio foi se tornando algo muito doloroso. e aquelas sensações vagas e sem prazer sabia que ia mexer com zilda. disse pra mim com a voz embargada que precisava fazer mais alguma coisa sumir senão ela ia enlouquecer. e foi quando disse pra ela, que as coisas significativas já tinha sido todas escondidas, e que não imaginava que algo que sobrou causasse grande impacto. foi quando ela me olhou com os olhos cheio de apetite e perguntou se nossa mão gostava de nosso pai. afirmei que sim, não tinha como negar, olha como ele fica quando ele está por perto. essa era a informação que ela queria saber. então me chamou no fundo do quintal e fez questão de observar se não estava sendo vida e disse: vamos sumir com o papai. não! e ela disse sim! com muita veemência como se já estivesse decidido. fiquei perturbado, não podia dar resposta na hora, afinal de contas também era meu pai e eu gostava dele. foi a primeira vez que bebi, fiquei zonzo de bêbado, cheguei em casa quase caindo, deitei na cama e desmaiei ali mesmo. no dia seguinte ela me acordou já com os planos feitos. e foi assim que vi a ultima vez meu pai. e logo seguiu uma época de paz tomou conta de sua vida, ela se tornou alegre, se tornou feliz, fazia seus trabalhos domésticos com gosto, e a tarde reservava para os estudos, e a noite ia namorar. e assim as coisas pareciam seguir um rumo bom. foi quando ela me parou quando eu vinha da escola, olhou de um jeito estranho pra mim e perguntou se minha mãe gostava de mim...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 05/03/2014
Código do texto: T4715494
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