Desmundo

Desmundo

Eram quase 12h quando Edmundo despertou, sentindo o cheiro de comida fresca, produzida pelas hábeis mãos de sua mãe. Era um homenzarrão barbado, de quase um metro e noventa de altura, que ainda dependia de sua zelosa e protetora mãe, D. terra, e de seu pai severo, Universon. Andou de cuecas pela casa, com aquelas pernas obesas e peludas, com frequência, deixava pela casa, peças de roupas sujas, espalhadas por lugares mais inusitados, e sua mãe, sempre muito cuidadosa, recolhia-as amorosamente.

Edmundo dormia demais, por conta de suas jogatinas noturnas a frente do computador, quando despertava, seu melhor amigo o Tempo, já havia passado todo apressado, e sempre lhe dizia ´´ vamos amigo, as coisas mudam, vamos estudar, conhecer e criar...``, mas Edmundo, apenas resmungava e se queixava do entusiasmo tolo do amigo. E dizia ´´ deixa de ser besta, para que? ``, desdenhando o amigo.

Devido ao sono constante, que o prendia a uma fatal inércia e a preguiça mental, ele deixava tudo para depois. Arrumar um emprego, estava fora de cogitação, afinal era muito mais confortável ser bancado pelos pais. O que ele gostava mesmo era de diversão: games, futebol, clube, e pouco lhe importava com seu próprio futuro, deixaria essas preocupações mundanas para seu amigo Tempo.

E então o tempo parou de passar, parou de se importar com o amigo desprovido de responsabilidades, e o Edmundo ficou em seu mundinho mundano com uma âncora que se chamava cérebro, acomodado, vadio e desempregado. Ele tinha uma paixão desde a infância, Vidinha, a menina da rua de baixo, de cabelos e pele muito claros, gostava de exibir sua beleza para quem quisesse olhar, inteligência não era o seu forte, gostava mesmo era de experimentar os meninos da vila, ficou experiente. Apaixonado, declarou-se milhões de vezes, mas vidinha queria homem de verdade, por isso casou-se logo depois com um jogador de futebol, e teve doze filhos lindos com ele. Então nada mais importava para Edmundo.

E assim, em um triste destino, sua mãe adoeceu, definhou e morreu. Seu pai preso na sua própria culpa, tornou-se silencioso e distante, isolado em si mesmo. E assim o menino homem, o menino grande, permaneceu assim, em um tempo que já fora seu, remoendo memórias pueris.

No fim, Edmundo sozinho ficou, sabendo que sua inércia fora um dos seus piores erros, todos os amigos de longa data, incluindo o tempo, evoluíram, cresceram, floresceram e marcaram seus nomes em histórias, foram notados e felizes.

No fim, quando o trem da vida passou, Edmundo parado ali ficou até findar seu mundo.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 17/05/2014
Código do texto: T4809847
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