O poço...

Havia um reino que ficava a leste, num continente remoto e havia nas terras próximas ao castelo um poço abandonado, profundo e seco... Há três anos atrás uma história envolveu esse poço e outros personagens...

Estevão, o rei, era conhecido por sua riqueza, mas também por ser muito egoísta e orgulhos. Era viúvo de sua rainha há dez anos, esta morrera em seus braços, durante o parto de seu único filho, Etan... O príncipe herdeiro a quem o rei nunca dispensava a mínima atenção, agora era o motivo da aflição pela qual passava... Um mensageiro veio trazer a notícia que de certa forma pôs fim ao desaparecimento...

O rei parou atônito diante do tal poço abandonado e entendeu... O príncipe devia vindo correndo distraído e não viu o poço, cuja tampa apodrecida pelo tempo não suportou o peso e ele caiu da altura de dez metros para nunca mais ver a luz do sol...

A tristeza do rei foi tamanha que chorou por sete dias e sete noites até que exausto dormiu... Durante o sono teve um sonho, nele a rainha Rebeca, em vestes claras e luminosas surgiu e com voz suave disse:

- O poço está vazio, mas Vossa Majestade está cheio de sua cobiça, motivo de seu orgulho, de seu egoísmo e de sua dor...

Pela manhã ao acordar o rei se lembrou do sonho e fez carregar suas pedras de cristal, de vários quilos cada e jogou-as todas no poço até que chegaram à boca do poço...

Chegou a noite e o rei dormiu, novamente a rainha veio em sonho lhe falar:

- O poço não está ainda cheio e Vossa Majestade também ainda não se livrou de sua cobiça, motivo de seu orgulho, de seu egoísmo e de sua dor...

Pela manhã o rei acordou e tocado em sua consciência mandou carregar seus baús repletos de safiras, opalas e esmeraldas e jogou-as todas no poço, estas ocuparam os espaços entre os cristais até que chegaram à boca do poço...

Nova noite e de novo durante o sono do rei veio a rainha Rebeca:

- O poço ainda tem espaços vazios e Vossa Majestade ainda não se livrou de sua cobiça, motivo de seu orgulho, de seu egoísmo e de sua dor...

O rei Estevão tão logo despertou foi até o poço carregando consigo seus milhares de diamantes que mais pareciam gotas de estrelas e jogou-os todos no poço. Estes deslizaram entre os cristais e as pedras preciosas até que os últimos ficaram à boca do poço...

Achando-se livre do peso de sua consciência, o rei foi dormir, mas novamente a rainha Rebeca veio em sonho lhe falar:

-Sabes que ainda há lugar no poço e sabes que ainda há em ti cobiça, motivo de seu orgulho, de seu egoísmo e de sua dor...

Ainda de madrugada o rei despertou, fez acordar seus homens de confiança e os mandou acender uma fogueira enorme ao lado do tal poço. Colocou sobre ela um enorme caldeirão e mandou trazer o que sobrara de sua riqueza... Suas barras de ouro... Derreteu-as todas e derramou-as em alta temperatura à todas no poço. O ouro escorreu preenchendo os mínimos espaços que sobravam. Se resfriando foi se solidificando e quando o ouro acabou o poço estava tampado por completo.

Nessa noite o rei dormiu e não mais sonhou com a rainha Rebeca.

Na manhã seguinte o rei pegou uma muda de vestes simples e se foi pelo mundo preencher o vazio deixado em seu coração por seu orgulho e por seu egoísmo, iria se dedicar aos pobres, aos doentes e aos aflitos e assim curar a sua dor...