Existência

Nesse anoitecer a Cíntia brilha o céu escuro as estrelas nos seus lugares eu sentado no leito ao lado escrivaninha, os escritos no chão, o vinho jaz percorre minhas veias, minha cabeça atordoada do dia, meus olhos quase fechados olham as paredes e nela me fixo o olhar, não porque seja interressante, mas por que minha cabeça não obedece mais o corpo insano, mas a luz do luar me puxa para o breu eterno da noite, o brilho me leva a loucura do pensamento, pensei porque vivemos se morremos, vivemos por alguma razão, me levantei ajeitei a roupa desbotada e vi que só vivia por prazeres que o dinheiro pagava sentir vergonha de mim mesmo até na morte me levar jaz tinha pensado, aos meus trinta e cinco anos qualquer um já teria casado, teria filhos um motivo para viver, sento-me na cadeira ao lado da porta trancada, nem sei por que trancada afinal só tem eu na casa, a cadeira que, mas parecia uma relíquia de museu pelos seus anos de existência que irônica era a vida foi à única herança que recebi de meu falecido pai a qual me dava uma razão inigualável para existir, olho o céu de novo, e dava a vida para aquela noite durar-me mais algumas horas, me sentia esquisito, mas parecia um drogado, todo meu cansaço sumira, olhava a lua tão forte que me parecia um novo sol, aquilo me fascinava como podia brilhar sem nenhum dia parar, iluminar a escuridão tornar o negro do anoitecer uma visão de prazer, que ilumine minha vida eternamente por algumas horas, viro-me ao chão e olho os textos aqueles de paixão que a mente inventa para a vida ter uma razão, razão instantânea, minha vida sempre por um fio uns dos poucos motivos por a qual me deixo viver é poder ver a Cíntia e seu encanto, abro uma garrafa de um tinto barato acendo um cigarro, com o tempo que teimas em correr já não fico sóbrio os dedos que conto já não é dez, agora sem nenhum controle do corpo apenas vejo o que virei nessa merda de vida, tudo que é bom, só dura uma noite, o sol começa a surgir a queimar meus olhos, a lua some Tímida de uma noite de prazer, agora que ela se foi deito-me nos papeis de meus textos e durmo para uma nova noite chegar e poder me dar um motivo para eu viver.