Um Par de Sonhos

As memórias se perdem na névoa do entorpecimento. A culpa se dissolve, e com ela a consciência. Sobra o instinto, a busca pela plenitude, pelo calor, por sensações intensas e vulgares. Está escuro demais para se discernir sentimentos.

Tudo acontece rápido até terminar, mas uma lenta madrugada vem em seguida, repleta de pensamentos vazios, saudades indefinidas, melancolias sobre o passado e o futuro. Ao amanhecer, conversas aleatórias preenchem as poucas horas restantes, num pacto silencioso pelo não-constrangimento. A despedida é breve, a tarde parece infinita.

A noite traz de volta o perfume de um momento onírico. Do contato distante, vem um pedido de desculpas. Em resposta, apenas um pensamento: “Você deveria aprender exatamente com o que me ensinou”.

A distância permanecerá por tempo indefinido. A falta será sentida e superada, mas não curada – não enquanto ambas as almas insistirem em não encontrar seu rumo na inóspita estrada da vida.