"CACA DA MADAME: FINAL"
     

        Quando finalmente eu tapei a boca da minha flor, ela levantou a cabeça e vi que tinha alguma coisa errada, minha mão tinha escorregado para o seio da menina e percebi que eram muito grandes, aí vi a cagáda que tinha feito. Era tarde de mais, talvez pelo calor a gorda senhora tivesse trocado de lugar com a filha e eu, um trovadorzinho inexperiente em ataque à donzelas no escuro, acabara de cometer uma burrada sem tamanho.

     A sogra... claro, de agora em diante é sogra e pronto! A sogra abriu um berreiro e foi só o tempo de eu sair correndo de dentro do quarto e entrar de novo no meu próprio quarto, acendeu-se uma luz e a voz da dona da casa se fez ouvir, perguntando o que tinha acontecido e a gorda respondeu, entrou um homem aqui e tapou a minha boca, a senhora disse, - mas que isto, quem ia fazer algo assim? Que bobagem, e a tanajurinha falou; - Ô mãe, ocê teve uma pesadera, cumeu dimais e deu pesadera, e a velha. - Mas, pareceu tão real, será que foi pesadera? - Foi sim é craro que foi né mãe! Mesmo a voz da Selma mostrando que estava com sono, eu tinha certeza que ela adivinhara que era eu a tal de pesadera que tinha entrado no quarto e tapado à boca da sua gorda mamãe, fiquei pensando... Acho que ela sabe.

     Fiquei quieto por uns dez minutos, quieto é maneira de dizer, eu nem respirava direito, aos poucos fui ganhando confiança e me acalmando e a esperança de que Selma pudesse estar acordada e esperando o pessoal dormir foi me animando e eu me pus a escutar algum barulho que indicasse que ela estava acordada, de tanto esticar o pescoço, eu acabei identificando o som do ronco de uma e o ressonar da outra. Fiquei meio ressentido de pensar que minha amada roncava daquele jeito, e a mãe tão descomunal tivesse a respiração tão tranqüila.

     O relógio bateu dez horas e nada da bela diabinha aparecer, a frustração me fez sentir uma raiva de tudo, mais da gorda, como se ela tivesse culpa do meu festival de besteira naquela investida mal fadada. Cansado de tantas estripulias, emburrado, pelas coisas não terem dado certo, eu acabei dormindo. Dormi o sono dos injustiçados, sonhando sonhos maus ou tendo a tal de pesadera, esperem: "vamos organizar", eu sabia falar pesadelo, quem não sabia era a mãe e a filha. Lá pelas duas horas da madrugada eu comecei a ter um sonho, sonhei que estava no maior amasso com minha bela e que finalmente acontecera, vi ao longe uma moça de olhos muito azuis um vestido branco que chegava aos pés, um lírio branco do lado direito e do lado esquerdo uma faixa atravessada no peito escrito em letras garrafais vermelhas “virgindade”, enquanto começava a alçar vôo afastando-se e dizendo adeus, adeus epartiu.
No mesmo instante a sogra irrompeu pela porta da varanda, furiosa gritando como uma louca, com uma faca enorme não mão e antes que eu tivesse qualquer reação, me enfiou a faca na barriga e eu senti escapando por entre meus dedos, minhas tripas, e tentava no desespero segurá-las, mas elas teimavam em sair e um desespero total estava tomando conta de mim e então aliviado acordei e soube que tudo era uma (pesadera)... quero dizer: pesadelo.


     Acordei, era um pesadelo! Mas minha barriga por estranho que parecesse não tinha parado de doer, ai é que eu senti que ela estava doendo mesmo. A comida em demasia, tinha derretido, só me restava correr. Abri a catarina... “catarina era outro dos nomes da minha mala” abri e peguei rápido uma folha de jornal, meu maço de continental sem filtros e sai com a maior velocidade que eu podia imprimir às minhas pernas que desceram os degraus da escada sem que eu percebesse ter aberto a porta, percorri os quinze metros de caminho entijolado que levava a privada modelo turco, onde no lugar do vaso tinha um buraco de uns vinte centímetros de diâmetro e um mau cheiro miserável que entrava pelas narinas fazendo arder e sufocar, mas no momento me pareceu uma beleza.

     Era uma posição não muito confortável, mas para minorar um pouco o sem jeito mandou lembranças, tinham colocado um tubo na parede em frente que servia para o individuo cagão segurar-se. Antes de eu atingir o agachamento necessário a titica saiu com uma velocidade que só acertou mesmo o buraco por que a posição dos pés colocados ao lado dele não permitia erro e minha bunda já estava bem próximo do buraco facilitando. Após a primeira explosão de caca, deu uma serenada, saiu uns peidos parecendo rajada de metralhadora, e neste ínterim eu ascendi um continental sem filtro e me realizei. Uma lua destas grandonas ainda não cheia iluminava o mundo. O silêncio do ruído do homem permitia que eu ouvisse os cricris dos grilos e a paz tomou conta do meu corpo, nem  fechei à porta da privada, a brisa fresca, a sensação de ser dono daquele mundo me trouxe relaxamento, tanto que eu comecei a cochilar mesmo naquela posição nada convencional, mas com todas as emoções de um dia cheio, vivídas por um virgem... Era um berço esplendido dos melhores, tão perfeito que me assustei com o cigarro queimando meus dedos.

     Só aí foi que eu ouvi... tarde demais, o som de uns chinelos pesados se arrastando pelo caminho entijolado e antes que eu pudesse entender o que estava para acontecer, aconteceu, foi um evento tão importante que nunca mais eu me esqueci. Uma sombra volumosa escureceu a porta da privada, eu consegui ver antes da catástrofe, quando aquela futura sogra de outro sujeito, sim, de outro caboclo, pois: “minha sogra não ia ser mais, de jeito nenhum“ vi quando ela sungou a saia e uma montanha de bunda apareceu e veio de marcha à ré tapando todas as frestas da porta deixando o clarão na abertura acima da cabeça da baleia assassina. Foi muito triste o que aconteceu, está rindo e por que não foi com você.
     
     Quando aquela banha encaixou-se na porta e não conseguiu passagem, ela largou! Foi um canudo quente, catinguento, fedorento, lambuzento que caiu em cima deste lourinho, trovadorzinho que ficou todo cagadinho e como única reação no momento, levantei a mão interrompendo o jato e gritei: pára dona, aqui tem gente! ”nossa senhora das bicicletas compridas” a gorda deu um pulo e saiu peidando e cagando pelo caminho de tijolos e eu louro, dos olhos azuis, parecidos com pedacinhos de céu, cabelos cor de trigo maduro candidato a perder a virgindade, peito largo; Saí dali lambrecado de merda, fedendo mais do que xixi de gambá e fui para o único lugar amigo que minha cabeça se lembrava existir no momento, "a bica de água e as bolas de sabão preto". Foi chorando, humilhado, rebocado que mergulhei a cabeça na água.
     
     Devo ter ficado mais de uma hora na bica de água, uma bola de sabão já tinha acabado e eu estava com a outra pela metade, esfregava, enxaguava e cheirava, lá estava à maldita catinga, esfregava, enxaguava e a inháca não saia. Depois de acabar a segunda bola de sabão, ter lavado o calção e torcido até enxugar o suficiente para colocar na cata - pano, eu retornei ao quarto, mas sem vontade viver, triste, remoendo uma raiva danada de tudo e quando cheguei às escadas, vi no canto da parede a lagoa de merda deixada pela velha. Coloquei o calção molhado na malinha, vesti um outro e me deitei, chorava, sem voz, engolia a tristeza e pensava como seria viver dali para frente, eu ia andar sempre de cabeça baixa e com vergonha.
     
     Deveria ser quase cinco horas da manhã quando um novo céu se abriu para mim, ouvi um barulho de carro que subia o morro, levantei-me rápido vesti as calças peguei a mala e quando ia sair encontrei a senhora que também tinha se levantado, aproveitei para lhe pagar o preço já antes combinado e sai ao terreiro. Um pequeno lotação, que tinha vindo prestar o socorro, estava levando os passageiros que tinham dormido no veiculo quebrado, o ajudante desceu e disse que tinha lugar para mais um no ônibus, o restante teria que esperar o outro veiculo que ficaria pronto brevemente.

     Eu subi no lotação e dei uma olhada triste, mas aliviado para a velha fazenda onde estava talvez dormindo a minha quase consagrada desvirginante. Antes do veiculo se mover eu ainda gritei para a dona Antonia dizer à Selma que eu iria encontrá-la na sua cidade assim que ela voltasse, era uma boa mentira das muitas que eu iria dizer no futuro para as mulheres, no bom sentimento de estar poupando-as de algum sofrimento desnecessário.


Para quem leu e gostou, "se gostou"... Esta aventura continua, mas quem quiser ler é só entrar no meu: e -livros e este está no volume "O PAPA RISOS" lá tem além deste, outros contos e à continuação desta saga. Um abraço e muito obrigado à todos que leram e comentaram e quem leu e não deu seu parecer.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 21/08/2014
Reeditado em 22/08/2014
Código do texto: T4931709
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