UMA GALINHA CARA DEMAIS

No mês do círio, em Belém, Léa ganhou um Galo Carijó de dona Constância e deixou-o no quintal para que ele comesse o mato e os bichinhos que por lá surgissem.

Acontece que a dona Constância, em outro momento, conversando com dona Antônia, soube que a mesma iria viajar e estava preocupada com quem pudesse tomar conta de sua galinha enquanto estivesse fora.E dona Constância para fazer uma média com a vizinha ofereceu-se para tomar de conta. Assim a galinha foi parar na casa de dona Constância por uns dias, pois como ela não tinha quintal pensou outra vez, em sua amiga Léa.

Dessa forma chamou o seu filho Caetano e pediu para que ele levasse a penosa para casa de Léa.

Quando o rapaz chegou lá só estava a Priscila, filha de Léa que recebeu a galinha sem empecilhos e a pôs no quintal para fazer companhia ao galo, que já estava ambientado.

Quando Léa chegou ao ver a galinha sassariqueira no quintal, logo perguntou a sua filha sobre aquela novidade, que lhe foi explicada de forma rasteira, pois a menina pouco sabia sobre a pobre da galinha. E como em pouco se explica compreendido está, a galinha foi ficando, ficando no esquecimento de perguntar para dona Constância, se era presente, como no de saber por dona Constância de como a galinha estava.

Logo depois dona Constância viajou para casa da filha e esqueceu-se completamente.

Quando a dona da galinha chegou, Isto é, dois meses depois, visto que o combinado eram quinze dias, ela foi logo procurar na casa da dona Constância sobre a sua estimada pretinha, que o menino sem saber ao certo, mas que lembrava, afinal ele quem fez o trato. Sem titubear, encaminhou dona Antônia a casa de dona Léa, que sem respeitar qualquer protocolo chegou, chegando e perguntando:

- bom dia, a senhora é a dona Léa?

- Sou sim. O que a senhora deseja?

- Ah senhora! Vim buscar pretinha!

- Quem?

- Pretinha, a minha galinha, que o filho de dona Constância veio deixar aqui.

Dona Léa fez uma breve pausa e disse:

- Acho que a senhora se equivocou. Afinal foi dona Constância quem me deu essa galinha, para fazer par com o meu galo Betinho.

De repente o bate bocas começou a ficar acirrado acerca da propriedade da galinha. De formas, que a dona Léa disse:

- Olha senhora, para acabar de vez com essa pendenga e isso vire um caso de policia. Devolvo-lhe a galinha, mas antes quero a quantia de hum mil reais de indenização, por ela, pois essa galinha, tal de pretinha, me deu muito prejuízo. Comeu muito milho, ração, pão, macarrão e não pôs nenhum ovo.

-Ora!... A senhora deve de está achando que eu sou milionária. Dona Constância me pede a galinha para tomar de conta e entrega a uma louca, que quer que eu pague hum mil reais pela minha estimada franga. Você não estar com o seu juízo perfeito.

- Senhora só me volte aqui com o dinheiro. Disse a senhora Léa batendo a porta.

Desolada dona Antônia foi procurar dona Constância e passando alguns dias, quando dona Constância voltara da casa de sua filha a confusão estava armada.

Não tendo o que argumentar, a média saiu pela culatra e dona Constância foi a casa de Léa, que além de esculhambar com dona Constância, terminou com a amizade a preço simbólico de quinhentos reias.