MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
prólogo
 
Pândora agora desce
 o distúrbio
Enlouquece
Precisam do oráculo
Que os deuses condenaram
As mortas sofrem
Do destino terminal
Não veêm sinal
De Dévora e o algoz
Que desfilou magias
As bestiais alegrias
Cantadas por todos
Agora todos se infiltram
Pra saber quem havia
Aberto o portal
Porque o mal
Descia absoluto
E havia loucos no muro
Feito gárgulas
Línguas ao vento
Querem o lamento
Das senhoras do absurdo
Sua reza enfeitada
Dos temperos da Grécia
Povoavam a festa
Que as Cinzas e seus lobos
Agora saciam
Como restos deixados
Do puro vertido
Bálsamo colhido
Sobre um leito
Enfeitado
Vitrais adornados
Da diaspora do velho
castelo
onde o velho do cajado
de ferro
dormia um sono eterno
riscos perversos
num dos vidros
perto da janela
 lençois de seda pretos
adornos dourados
pelos hermitas da fonte
precisam ser levados
ao rio corrente
da coroa desenhada
sobre a pedra
se o vinho descer viscoso
Baco havia se envolvido
Na luta pelo amor
Da Única
O anel do terreno
Vingava perto
Da promessa feita de cristal
Da caverna
Onde ela agora se entrega
Ainda se alucina
Olhos perdidos
Buscam acolher de volta
A ruptura do tempo
Suas mãos descem e apertam
O que entre suas pernas
Traz o amargo gosto
Que p’ra ela
É tão doce
Ainda precoce
Ainda presente
Deságuas o calor do mito
Agora vindo
Ficar presente
As mortas na beira do rio
Cantam hinos
O  assovio das trevas
Em seus olhos
Olhos de Eva
Querem saber da fruta
Agora possuída
Sua criança adulta
Pode ter sido traída
Se o alimento
Não for do Descido
Havia outro com ele
Lá dentro
Seus cantos louvados
P’ra coleita do mel
Não possuirão os céus
A espera vai brindar
 invernos
O véu retirado da Única
Descerá aos perdidos
Onde o fogo arde
Se o odor tiver
O sabor da carne adulta
Eles darão o nome
Do batismo...