ELA ERA AFRICANA?

ELA ERA AFRICANA?

CONTO

Por HONORATO RIBEIRO.

Quando aos meus dez a doze anos de idade, eu e meus irmão íamos pegar água no Velho Chico para abastecer a nossa casa. Não havia o SAAE ainda e todos teriam de pegar a lata de querosene, pote, jumento com quatro carotes pegar água do Velho Chico. Era pela manhã e à tarde o cais ficava cheio de mocinhas, rapazes e adultos carregando água. Bem, mas o que quero contar para vocês, é que havia uma mulher de uma estatura forte de um metro e oitenta de altura, braços fortes, que ia pegar água com duas latas e punha uma sobre a outra na cabeça e ainda levava um balde na mão direita.

Naquele tampo não havia calçamento. A última casa da Rua Duque de Caxias era a de seu Álvaro, depois Hotel Glória de seu Hermelino. Era um areão forte que o pé da gente enterrava até o calcanhar. Mas essa negra forte subia a rampa do cais, rasgava aquele areão bravo, com habilidade incrível com as duas latas d`água solta equilibrando na cabeça e ainda levando um balde cheio de água na mão direita. Não havia o mercado e nem as Casas Arco-íris. Era uma praça enorme e cheia de areão que caminhão enterrava, reduzia e ficava no mesmo lugar. Os ajudantes puxavam a areia para que o caminhão saísse..Essa negra não sei se era africana, mas pelas características, não tenho dúvida. O povo chamava-a de ANA BRAÇÃO. Era uma negra forte e trabalhadeira; não sei qual a casa que ela morava aqui, não me lembro. Mas comigo carrego na minha lembrança e na minha perspectivas a imagem dessa mulher forte, que carregava duas latas de água sobre a rodilha, que punha na cabeça e voltava sempre para pegar novamente. Era à tarde e pela manhã. Aqui está a história da negra ANA BRAÇÃO. Era seu Alcunha.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 07/11/2014
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