A POMBINHA QUE NÃO ERA DONA FLOR
Há algum tempo, um bonito e elegante pombo apareceu num pombal bem distante; e muito inteligente, ficou observando o ambiente circundante; de repente, como num sonho, avistou uma pombinha branca muito bonita e charmosa, e por ela logo se apaixonou. E os dias foram se passando, e aquele pombo cada vez mais apaixonado, começou a se comunicar com a sensual e desejada pombinha, que, de certa forma, também correspondia o seu sentimento. Acontece que, para sua surpresa, a simpática e bela columbídea lhe revelou que tinha um companheiro que ela também amava, com o qual tinha alguns filhotes, e, por isso mesmo, temia se entregar para o cavalheiro e carinhoso pombo; mas este, muito educado e de boa índole, não queria atrapalhar a paz e o relacionamento familiar daquela pombinha que ele tanto amava, restando-lhe como consolo apenas a tentativa vã de um dia esquecê-la. Porém, ele sabia que ia ser difícil, muito difícil. E para não ocorrer um hilário e talvez perigoso caso de amor semelhante ao da famosa obra do grande escritor baiano, o pombo, apaixonado e triste, alçou voo... Voou, voou bem alto e voltou à realidade. A meiga pombinha também ficou triste ao ver o seu segundo amor partir e dela se distanciar...
Mas mesmo distante, ele nunca esqueceu aquela amada! E até hoje vive sonhando apaixonado e com saudade dela... E no fundo do seu coração, ele inegavelmente ainda guarda discreta e timidamente a esperança de um dia ter aquela sua amada ao seu lado; e, assim, realizar esse seu sonho de amor, pois embora tenha tido centenas de namoradas ao longo do tempo, por aquela ele se apaixonara profundamente. E é melancólica a imagem do pombo pensando saudoso na sua amada distante.