O ribeirão

Era forte e rápido

com certeza muito lindo.

As vezes caudaloso e barrento

noutras limpo e cristalino.

Todos os dias eu ia, nele a banhar.

Rompendo as águas eu ficava,

sempre lá mas nunca no mar.

O ribeirão era forte

e todos ali se banhavam

Até que um dia secou e

para o espanto de todo mundo

lá no seu leito, rachado

jazia um corpo no fundo,

de alguém que destemido,

haveria ousado entrar

como se um peixe fosse

e não precisasse respirar.

Lá não entrei mais,

por nada desde mundo

nunca mais naquela água,

que estava o moribundo.

A água corria sempre

por anos a fio ficou,

Mas nunca mais foi lembrado

que um dia matando a sede

ficasse lá estirado.

Numa tarde de domingo

quando lá eu passava

Não aguentei o calor

Entrei e me banhei

sempre lembrando

que todo cuidado era pouco.

Pois a água que lavava o corpo

ou a face de um homem cansado,

poderia deixar no passado

o seu corpo abandonado.

"As vezes a realidade da situação está no oculto"

Joaquina Affonso
Enviado por Joaquina Affonso em 25/11/2014
Código do texto: T5048299
Classificação de conteúdo: seguro