Lágrimas de Esperança.

Aquela velha senhora parecia morta deitada num dos bancos do Terminal Rodoviário Tietê. O que mais me chamou a atenção, além de seu sono profundo e de suas roupas gastas e sua expressão de dor e sofrimento, mesmo dormindo, foi que havia uma bonequinha de plástico, sem roupa, no meio de sua blusa, entre um de seus seios, como uma filha. Para onde ia, de onde veio e quem era, jamais saberei... Fiquei ali, em pé, por uns cinco minutos, olhando e pensando o quanto a humanidade é impiedosa, por mais calientes e crentes que apresentem ser... Seres humanos...

Não resistindo também ao cansaço, sentei-me no banco em frente e esperei-a acordar e se ver de volta ao mundo cruel que talvez não quisesse voltar, e lhe ofereci uma nota de dez reais... Ela quase chorou! Abraçou a boneca e a embalou em seu peito, abraçando-a bem forte..., com as lágrimas escorrendo entre os sulcos de seu rosto enrugado..., como a água de um riacho que não sabe aonde irá desaguar...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/12/2014
Reeditado em 09/12/2014
Código do texto: T5063654
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