VITAL-BOM DE BRIGA

Como eu gosto muito de escrever, e não tendo inspiração no momento, me lembrei de um caso que me contaram. Na festa da lagoa Nova, Lagoa Nova é um bairro da cidade de Guararema. Fica bem longe da cidade. Aproximadamente 15 quilômetros de distância. Festa esta realizada todo ano para cultuar o menino Jesus. São três dias de festança com muitos folclores, como moçambique, gongada, cavalhada e muitos outros atrativos. Dia 4, 5 e 6 de agosto. Lá, vêm pessoas de todas regiões e, até mesmo de capital, pois é uma festa muito famosa.

Aconteceu um fato muito marcante que, quem assistiu, comenta até hoje com empolgação.

Eu era garoto, não assisti o episódio, mas ouvia o povo comentar .

O meu primo contou-me com detalhe. Se ele acrescentou um pouco para dar mais brilho na história, é um ditado que diz: “quem conta um conto, aumenta um ponto.” Eu vou tentar contar da maneira que ele me contou, sem acrescentar ou tirar um só detalhe; pois coisa que nunca fui, é mentiroso. Eu acho que todo mentiroso, é idiota. Ele mente para ele mesmo. Porque é a coisa fácil mais que tem, é saber quando um cara está mentindo.

Fiz todo esse suspense, para não perder a mania de escritor. Pois todo estoriador, gosta de contar um conto bem explicadinho.

O nosso personagem chama –se Vital. Só sei o nome, o sobre- nome dele desconheço. Vital servia o exército naquela época. Estava fardado festando e, por ser um jovem de boa aparência, as garotas não lhe davam tréguas. Uma prima do meu pai, cujo nome Zilda, assim que o viu,começou a dar-lhe bola. Era assim que usava o termo da época.

Acontece que havia um tal de Nelson, da cidade: Cezar da Souza, por ser um encrenqueiro de primeira linha, tinha o alcunha de Nelson cachorro. E o cara era temido, tinha fama de bom de briga.

Quando viu a Zilda conversando com Vital, foi logo provocando e fazendo desaforo. Vital não era de briga, pois ninguém nunca ouviu falar que o moço ofendeu alguém. Era fino, polido, simpático, cordial e amável!

Era querido e admirado por todos que o conheciam . Passado alguns anos, eu vim a conhecê-lo e, pude comprovar que ele mesmo uma pessoa de finíssima reputação! Mas, então vamos direto ao assunto. Acho o que o leitor está afito para saber o final desta história.

Vital, ao ser provocado, fingiu ignorar, dizendo: “ Se ela é sua garota, pode ficar com ela. Eu não sou de tomar namorada de ninguém. Sou homem de paz, Detesto briga”. A moça interveio, dizendo: “ Eu não sou nada desse cara. Ele que é um cafajeste, vive me perseguindo”.

Nelson cachorro deu um tapa na cara dela. Aí, o Vital vermelhou igual um pimentão maduro e, argumentou: “ É coisa que eu não admito é homem bater em mulher. Você é covarde, cara. Vem bater em mim se for homem”! Era exatamente o que o Nelson queria. Pois ele quando passava uma semana sem brigar, se sentia mal! E andava sempre com seus capangas. Quatro ou cinco. Primeiro ele brigava sozinho. Seus comparsas só entravam se vissem que ele estava perdendo a briga.

O Nelson bracejou: “Você pediu, eu vou lhe mostrar quem sou! ”E partiu para cima do Vital , dando-lhe um murro no rosto.

Eu sou literalmente contra violência, mas quando vejo um valentão, brutamonte, covarde, apanhar de um cara franzino, eu bato palmas de alegria!

E foi exatamente o que aconteceu. Quando a mão do Nelson se aproximou do rosto de Vital, ele crente que ia acertá-lo; qual foi a sua surpresa e de todos os que presenciavam; pois ninguém imaginava que Vital aprendeu a lutar no exército. Era simplesmente faixa preta de judô e karatê. Pegou no braço do Nelson e deu um giro por cima do seu ombro, aquele conhecido balãozinho. O valentão caiu no chão. Levantou meio sonso rapidamente, mas com muita dor, tentou agredir novamente o Vital, mas aí foi só apanhar chute na cara por tudo quanto é lado. Os capangas vieram e, a pancadaria começou pra valer! Eram um total de cinco. Vital pulava igual serelepe. Metia a mão no chão e os pés na cara dos caras. Dava salto mortal, cambalhotas de deixar qualquer um admirado! Foram aproximadamente 15 minutos de briga. Ninguém apartou. O pessoal ficaram em roda para ver aquele maravilhoso espetáculo! Os maus elementos todos com a cara ensanguentada, roupas rasgadas, e Vital não sofreu nenhum arranhão.

A polícia chegou e levou-os todos para a cadeia exceto o Vital, por ser do exército, a polícia do Estado não tem autorização para prender um federal. E além do mais, toda testemunha estava a favor do Vital. Ele tinha passagem limpa, sendo que Nelson era conhecido da polícia como mal elemento.

Esta é uma história, e não uma estória. É verídica.

Isso ocorreu no ano de 58 a 62 mais ou menos. Me bateu uma grande saudade deste grande amigo, que, parecia uma moça de tão delicado que ele era. Tocava violão e cantava moda sertaneja. Era de uma família muito pobre. Portanto, com muito esforço, ele conseguiu vencer na vida, trabalhando honestamente.

Foi administrador do sítio do Waldemar Zinese, metalúrgico famoso, proprietário de várias fábricas. E depois foi empreiteiro de obras e proprietário de armazém.

Por ser seu fã é que escrevi essa comovente história. Espero que você, leitor, aprecie. Grato pela atenção e perdoe-me se não gostou.

Se não gostou recomende aos inimigos ou à sogra.

Atenciosamente,

Wilson José de Morais.