Reclamações

Sou filho de um homem bem sucedido. Tenho tudo que quero, mas não é o suficiente. Falta-me algo. Acredito que isso o dinheiro não pode comprar.

Todo dia passo de carro, dirigido por um empregado, em frente a praça. Não tenho contato com essas coisas, por que não ando a pé. Não conheço muitas coisas a não ser minha casa e ambientes fechados.

Fugi de minha aula para andar a toa pela rua. Encontrei a tal praça. Andei por ela, com passos vagarosos, observando os arredores. Encontrei um banco de frente para um chafariz. Sentei-me. Fiquei a passar o tempo. Passavam-se pessoas comuns, bravas, apressadas, calmas, alegres e distraídas. Pessoas que viviam simplesmente. Não sei de suas vidas, mas apresentavam viver bem. Essa praça me faz pensar. Como tudo que tenho nada adianta. Fico preso naquele mundinho. Infeliz. Por esse curto momento nesse banco, sinto-me livre. Livre para pensar, livre de pressão, livre de escolhas idiotas, livre de gravatas, simplesmente livre. Mas acredito que as pessoas nunca estão contentes. Eu reclamo de ter tudo, outros reclamam de não ter nada, outros de tempo, outros alguns de falta de dinheiro, mais alguns outros de stress. Nunca estamos felizes, mas essa praça é um bom lugar. Daqui me desprendo de tudo. Infelizmente tenho que votar ao mundo que cresci. Queria ter uma vida mais simples, o conforto só se desgasta. Vejo meu pai, se mata de trabalhar para ter dinheiro e, quantas vezes não teve que derrubar alguém para ter o que precisava. Não gosto da ganância. Quero viver como um ser comum.

Percebo que ter dinheiro, conforto e essas besteiras, não me levará a lugar algum, talvez, o da perdição. Prefiro viver como um camponês. Com dificuldade, porém livre.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 02/06/2007
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