Entre vinhos e calmantes

Ela estava completamente perdida, dizia para si mesma "eu devia ter feito tudo diferente" "eu sempre levei jeito para escrever, devia ter feito um livro" "eu devia ter buscado ser feliz" mas não.. "eu me tornei uma advogada e fui infeliz" e assim ela pensou, ali naquela noite de frente para o mar, com aquele vestido branco de seda, um tecido suave, leve.. ela tomou uma garrafa de vinho misturado com vários tipos de calmantes muito fortes, e ficou sentindo a brisa e a água batendo em seus pés.. Afogada em arrependimentos, passou a sentir tonturas e tudo parecia estar rodando, começou a ver alguns "flashes" de momentos de sua vida, só havia arrependimentos, jamais viveu de verdade, jamais se entregou a alegria, jamais se entregou ao amor, nem a ninguém e nem a nada! e aquilo era triste, tinha vivido uma vida de fachadas, querendo apenas parecer bem, forte, estável.. foi uma pessoa tão arrogante, insolente e orgulhosa, nunca foi feliz... e assim sem pensar duas vezes se jogou no mar, e pela primeira vez se entregou, as ondas, mas se entregou.. e uma única vez na vida se sentiu plenamente feliz, realizada, satisfeita.. foi uma sensação maravilhosa , e viveu aquilo intensamente por alguns minutos até que a morte chegasse.