INGRATIDÃO
Há alguns anos, um companheiro de serviço recebeu, ao chegar para trabalhar, a notícia de que seu pai morrera lá em Pernambuco. Foi um corre-corre daqueles. Dinheiro emprestado daqui, dinheiro emprestado dali, e lá foi, amargurado, esse meu companheiro.
E Pernambuco é longe, minha gente, principalmente pra quem, à época, embarcava a algumas quadras da rodoviária Júlio Prestes, em São Paulo...
Uma semana depois ele retornava e, furioso, procurava quem lhe dera a notícia fatídica.
Ligaram aí, sei lá! Mas o que foi?
O que foi é que, chegando em Olinda, todo quebrado e desenxabido, encontrara seu pai, todo folgazão, em um dos botecos de lá!
O que ele queria, afinal de contas? Encontrar seu pai no caixão para justificar toda a angústia sofrida?