Um diálogo "divino"

Em uma noite petrolinense – ou seja, de muito calor - sem sono pra dormir, uma certa poeta, começou a rezar para ver se conseguia de Deus, uma claridade que a levasse a enxergar uma trilha para a sua realização. À medida em que ia rezando, as lágrimas iam aflorando, e em certo ponto, ela já não sabia se rezava ou se chorava. Deus, tendo ficado confuso e não entendo o que a menina falava – ou chorava – resolveu estudar de perto o assunto e dirigindo-se à poeta, deu início ao diálogo:

- Por que choras, filha, que mal te contagia?

- É por causa de um tal filho de Maria!

- Quem??? Jesus, o meu menino?

- Não Senhor, o filho de D. Maria e de Seu Targino!!!

- Ah! Um que é metido a tocador?

- Sim! Aquele que é sanfoneiro sim, Senhor!

- E o que foi que aprontou aquele danado?

- Nada, Senhor. Ele é um rapaz bem comportado!

- Então porque faz você chorar?

- É que eu tô agoniada de tanto esperar!

- Esperar o que? Me explica direito!

- Esperar a música que ele diz que tem feito.

- Ah! A parceria de vocês dois?

- É ! Ele ficou de me ligar depois...

- Será que esse menino não recebeu o meu recado?

- Calma Senhor, ele deve de estar ocupado!

- Mas eu lhe pedi que a ajudasse!

- E ele me pediu que eu esperasse!

- Você quer que eu tome providência, dê uma apressada?

- Não. Só quero que o Senhor me dê paciência. Me deixe relaxada!

- Vou ligar eu mesmo. Não vou mais mandar recado!

- Não, Senhor. Ele pode se sentir sufocado!

- Então o que faço? Qual a solução?

- Toque de jeito naquele seu coração!

- Quando você o viu, parou pra conversar?

- Sim. Foi em 16 de agosto, lá em Pilar!

- E o que conversaram? Pode me contar?

- Ele disse que na música tem muita coisa pra mudar!

- Mas não lhe mostrou nada? Nem fez menção?

- Não. Disse que só vou ver perto da conclusão!

- E isso faz você gostar menos desse menino?

- Ave Maria! O Senhor é doido? Cada dia eu sou mais fã de Targino!!!!

- Então, minha filha, espere. Seja confiante.

- Eu espero, Senhor, e acredito a cada instante!

- Então não chore, levante e siga na caminhada.

- Às vezes, na estrada, a gente se sente cansada.

- Mas é preciso fé. É preciso confiar.

- Eu sei, Senhor. Não paro de acreditar.

- O Targino vai lhe ajudar. Vamos ver você sorrir.

- Obrigada, Deus. Agora sim, eu vou dormir.

(Texto enviado ao cantor e compositor Targino Gondim, onde solicitei providência quanto a uma composição que eu lhe havia apresentado. Acredito, no entanto, que ele não se comoveu com a história, porque ainda hoje eu espero resposta.)

Cinthya Danielle dos Reis Leal
Enviado por Cinthya Danielle dos Reis Leal em 25/02/2005
Código do texto: T5162