Memórias da 'Desvairada'.
Saía às seis do estágio. Atravessava a São Bento abarrotada como sempre, sangue, loucos, delirantes, mcdonalds, camelôs e todo tipo de gente e indigente, comerciantes encostados nos cantos, fumando cigarro ou falando de política ou futebol, quem sabe um caso, um daqueles amorosos, escondidos e ardentes. Sentava no ponto de ônibus que fica em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Os pombos esvoaçavam no largo defronte, o velho da banca de livros velhos, fechava...
Abria a mochila, quase chorava, respirava fundo e sacava um livro de filosofia vagabundo, um tipo Will Durant, e lia, como lia, lia até perder o ônibus e a visão, esperando-a chegar. De longe a via, com sua bolsa clássica, sua saia justa e seu andar de quem espera mais do que um beijo.