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DESPEDIDA



     Fui te amando aos pouquinhos, assim como quem vai cuidando de uma plantinha. Nem água demais, nem sol demais. Às vezes, tinha vontade de me recolher, esconder, fugir, por medo. Entraves se postavam no relacionamento. E muitos. Mas o coração, este descuidado, prega peças. E te amei. Nada de paixão avassaladora, de andar gritando pelas ruas o que guardava no mais profundo. Tivemos altos e baixos, brigas e reconciliações, amor e raiva, queixas, desassossegos. Normal, penso, quando se ama, se vive.
     E foram anos, até que nossos tapas e beijos nos levaram à separação. Culpa minha, culpa tua. Claro que do ponto de vista de cada um, a balança de culpas pesava mais do lado do outro. Natural. Corpos separados e corações reclamando.
     Foi assim que a noite nos encontrou. E a saudade era tanta. Que mal tem? Somente uma noite. O amor fez das suas. E foi bom, muito bom. Parecia que uma nova fase iria se instalar. Somente parecia.
     Jantávamos quando perguntaste: por quê? Achei que não precisava responder, que sabias, que o sentimento era igual. Ruborizei-me. Sem pensar, respondi: porque quis. Tão simples, tão verdadeiro. Mas não pensaste assim.
     Mesmo hoje, quando o tempo passou, fico me questionando. O que disse de errado?
     Foi assim que se rompeu o elo, que já era fraco.
     A próxima vez que te vi foi no caixão. Não queria chorar, mas foi impossível.
     Fiquei na frente do espelho escolhendo a melhor roupa, a melhor maquilagem, o perfume mais agradável, somente para te dizer adeus.
    Estavas lindo no nosso último encontro.



 
MADAGLOR DE OLIVEIRA
Enviado por MADAGLOR DE OLIVEIRA em 21/03/2015
Código do texto: T5178267
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