Brincando, brincando..." = Histórias de Amor Safado

Eu gostava de brincar com aquela colega bonita, simpática e casada. Ela ria de minhas bobagens, e um gostoso riso feminino sempre estimulou minha criatividade e senso de humor.

- Minha querida, as mulheres casadas, em geral, têm uma coisa que me irrita profundamente.

- Os maridos?

- Não, meu amor, o preconceito contra os solteiros. Vocês são de um egoísmo impressionante para conosco, os que ainda não se casaram.

- Como assim?

- Veja bem: quantas vezes por semana seu marido procura por você na cama?

- Em geral, umas três vezes.

- Isso quer dizer que você tem quatro dias de folga por semana, não é mesmo? Não poderia, nesse tempo livre, fazer um serviço voluntário? Dedicar-se desinteressadamente a alguém em troca de coisa nenhuma?

- E o que é que o malandro solteiro me sugere?

- Filie-se à “ASEVOSOL”, meu anjo. Isso alegrará a tantos corações solitários...O meu primeiro.

- E o que é a ASEVOSOL?

- Assistência Sexual Voluntária ao Solteiro Solitário. São as boas ações que nos levam ao céu.

- E você pelo jeito, está muito a fim de ir para o céu...

- O futuro não me preocupa.

- Estou dizendo daqui a pouco, logo que eu contar para o meu marido sua proposta da tal ASEVOSOL. Palhaço...

- Pense bem em minha proposta. Ponha a mão na consciência, analise com profundidade seu tremendo egoísmo, e depois me peça uma ficha de inscrição para a ASEVOLSOL, entidade que, diga-se de passagem, foi criada por mim sem fins comerciais. Na ficha ponha só o seu nome, endereço, telefone e o melhor horário pra falar com você em casa, de preferência quando estiver sozinha lá.

- Meu querido amigo sem vergonha, eu vou colocar é o nome do meu marido e o horário em que poderá falar com ele.

- Não faça isso, querida. Por falar nisso, como é que se chama o sortudo que casou contigo?

- Sortudo mesmo. O nome dele é Etevaldo. Porquê?

- Etevaldo??? Não me diga!! Você é esposa do Etevaldo? Tás brincando...O Etevaldo, quem diria...Não é um cara alto, forte, com cara de quem quer sempre matar alguém?

- De onde você o conhece?

- Nunca ouvi falar.

- Então como é que sabe que ele é exatamente assim?

- Pelo seu jeito de falar Etevaldo. Se ele fosse um etevaldinho qualquer, do meu tamanho, você não teria enchido a boca pra falar o nome dele: Etevaaaldo.

- Deixa de mentira. Você, pelo jeito, conhece ele sim.

- Juro que não. Foi só coincidência. É que eu conheço um Etevaldo que tem o apelido de Traça-todas. É um cara grandão, que tem os olhos azuis, os cabelos bem pretos e é todo musculoso. Esse meu conhecido tem uma oficina mecânica lá no bairro do Limão, e como a maior parte da freguesia é feminina ele vive saindo com as clientes para ver se o carro está em ordem. É por isso que tem o apelido de Traça-todas. O cara é um dos meus ídolos. Não dá moleza pra mulherada.

Durante um longo tempo, sem qualquer resquício de bom-humor, ela me encarou fixamente. Custou a pronunciar-se:

- Você descreveu exatamente o meu marido. Quer dizer que ele é o Traça-todas, não é?

Putz grila! Juro que eu não queria denunciar meu conhecido. Numa cidade imensa como São Paulo, na qual a gente pode perder a mãe e nunca mais encontrar, eu vou falar justamente sobre o marido dela!

- Eu estava brincando, minha querida. Nem conheço seu marido coisa nenhuma. Devo ter ouvido alguma brincadeira de algum amigo e a repeti. Foi só isso.

- Brincadeira coisa nenhuma. Eu menti pra você quando disse que ele me procurava três vezes por semana. Ele passa às vezes é três semanas sem me procurar, isso sim. Onde é que eu posso assinar a ficha da tal, como é que é mesmo, Avesosol?

- ASEVOSOL. Que tal no meu quarto, sentadinha no meu colo?

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 10/06/2007
Código do texto: T520863
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